Sociedade
Para ir à ONU, ativista contou com ajuda de ministro e ex-jogador
“Apelei para o constrangimento internacional que iriam colocar o País”, relata jornalista brasileiro, sobre luta por visto para irmã de extrativistas assassinados no Pará receber, em Nova York, prêmio em homenagem ao casal
Dias antes de receber um prêmio das Nações Unidas em nome de Maria do Espírito Santo e José Cláudio Ribeiro, extrativistas assassinados em maio de 2011 no Pará, Laisa Santos Sampaio, irmã da ambientalista, precisou contar com a ajuda de amigos e da pressão brasileira à embaixada dos Estados Unidos para obter o visto que lhe permitiria embarcar a Nova York, onde fica a sede da entidade.
Nesta quinta-feira 9, Laisa subiu ao palco da ONU na premiação Heróis da Floresta – que congratulou indivíduos de todo o mundo com trabalhos desenvolvidos em 2011 para a preservação das florestas – para receber a menção criada especialmente em homenagem ao casal de extrativistas. Mas a professora conseguiu embarcar para Nova York somente depois de três fax aos diplomatas americanos justificando sua ida aos EUA, entre eles de autoridades brasileiras e da própria ONU.
Após receber o convite das Nações Unidas, Laisa precisou tirar um novo passaporte e sair do assentamento onde vive em Nova Ipixuna para tentar obter o visto na capital federal.
Com pouco tempo, realizou a solicitação pelas vias convencionais. Fez o agendamento, por meio de um despachante pago pelo ex-jogador de futebol Raí, e pediu uma entrevista de urgência para ser atendida antes do embarque na quarta-feira 8 de manhã. A entrevista, no entanto, foi marcada para o dia do voo.
Laisa foi aconselhada a procurar a embaixada do país em um horário especial de atendimento, no qual mostrou aos atendentes uma carta convite da ONU. “Eles olharam o papel e disseram que não poderiam me ajudar.”
“Amiga, venho da floresta Amazônica. Moro a 100 quilômetros da cidade. Lá não tem internet, nem email”, disse a uma atendente que lhe pediu para seguir os procedimentos diplomáticos. “Ela ainda me perguntou se tinha alguma aldeia perto da minha casa. Eu disse: ‘Moro do lado de uma’.”
“Quase que eu trago uma flecha”, brinca.
Depois dos problemas em Brasília, o jornalista Felipe Milanez, finalista do prêmio da ONU e colaborador de CartaCapital, relata ter pressionado autoridades do governo brasileiro para analisarem o caso da professora. “Apelei para o constrangimento internacional que eles iriam colocar o País, porque eu vou à premiação e farei questão de dizer que o governo não se movimentou para trazer Laisa.”
Após o pedido de intermédio, o Itamaraty se solidarizou e enviou um fax à embaixada americana. A outra ajuda, conta a professora, veio do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, com quem se reuniu em Brasília na terça-feira 7. “Ele me disse que era importante estar no prêmio e que me ajudaria.”
Somente às 16h30 de quarta-feira, 30 minutos antes de a representação diplomática fechar, Laisa conseguiu o visto.
Dias antes de receber um prêmio das Nações Unidas em nome de Maria do Espírito Santo e José Cláudio Ribeiro, extrativistas assassinados em maio de 2011 no Pará, Laisa Santos Sampaio, irmã da ambientalista, precisou contar com a ajuda de amigos e da pressão brasileira à embaixada dos Estados Unidos para obter o visto que lhe permitiria embarcar a Nova York, onde fica a sede da entidade.
Nesta quinta-feira 9, Laisa subiu ao palco da ONU na premiação Heróis da Floresta – que congratulou indivíduos de todo o mundo com trabalhos desenvolvidos em 2011 para a preservação das florestas – para receber a menção criada especialmente em homenagem ao casal de extrativistas. Mas a professora conseguiu embarcar para Nova York somente depois de três fax aos diplomatas americanos justificando sua ida aos EUA, entre eles de autoridades brasileiras e da própria ONU.
Após receber o convite das Nações Unidas, Laisa precisou tirar um novo passaporte e sair do assentamento onde vive em Nova Ipixuna para tentar obter o visto na capital federal.
Com pouco tempo, realizou a solicitação pelas vias convencionais. Fez o agendamento, por meio de um despachante pago pelo ex-jogador de futebol Raí, e pediu uma entrevista de urgência para ser atendida antes do embarque na quarta-feira 8 de manhã. A entrevista, no entanto, foi marcada para o dia do voo.
Laisa foi aconselhada a procurar a embaixada do país em um horário especial de atendimento, no qual mostrou aos atendentes uma carta convite da ONU. “Eles olharam o papel e disseram que não poderiam me ajudar.”
“Amiga, venho da floresta Amazônica. Moro a 100 quilômetros da cidade. Lá não tem internet, nem email”, disse a uma atendente que lhe pediu para seguir os procedimentos diplomáticos. “Ela ainda me perguntou se tinha alguma aldeia perto da minha casa. Eu disse: ‘Moro do lado de uma’.”
“Quase que eu trago uma flecha”, brinca.
Depois dos problemas em Brasília, o jornalista Felipe Milanez, finalista do prêmio da ONU e colaborador de CartaCapital, relata ter pressionado autoridades do governo brasileiro para analisarem o caso da professora. “Apelei para o constrangimento internacional que eles iriam colocar o País, porque eu vou à premiação e farei questão de dizer que o governo não se movimentou para trazer Laisa.”
Após o pedido de intermédio, o Itamaraty se solidarizou e enviou um fax à embaixada americana. A outra ajuda, conta a professora, veio do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, com quem se reuniu em Brasília na terça-feira 7. “Ele me disse que era importante estar no prêmio e que me ajudaria.”
Somente às 16h30 de quarta-feira, 30 minutos antes de a representação diplomática fechar, Laisa conseguiu o visto.
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