Sociedade
OAB de Uberlândia exonera advogada após xenofobia contra nordestinos
Flávia Aparecida Rodrigues Moraes era vice-presidente da Comissão da Mulher Advogada do órgão no município mineiro
A Ordem dos Advogados do Brasil em Uberlândia exonerou na última quinta-feira 6 a vice-presidente da Comissão da Mulher Advogada, Flávia Aparecida Rodrigues Moraes.
A decisão do presidente do órgão, José Eduardo Batista, é uma reação a comentários xenofóbicos feitos pela advogada em um vídeo publicado nas redes sociais.
Na gravação, Flávia diz que a população do Sul e do Sudeste gera renda e “não vai mais alimentar quem vive de migalhas”, referindo-se aos brasileiros do Nordeste.
“Nós geramos empregos, nós pagamos impostos e sabe o que que a gente faz? A gente gasta o nosso dinheiro lá no Nordeste. Não vamos fazer isso mais. Vamos gastar dinheiro com quem realmente precisa, com quem realmente merece”, alegou. “Vamos gastar o nosso dinheiro aqui no Sudeste, no Sul ou fora do País, inclusive porque fica muito mais barato.”
A vice-presidenta da OAB de Uberlândia dizendo que não irá mais para o Nordeste para não alimentar “esse povo que vive de migalha”.pic.twitter.com/wx78igjuOm
— William De Lucca (@delucca) October 5, 2022
“Apresentamos nossas sinceras desculpas ao povo nordestino e em especial à advocacia nordestina e à advocacia brasileira pelas manifestações ofensivas da referida advogada, postadas nas redes sociais”, declarou o presidente da OAB Uberlândia em nota.
O órgão, após pedidos de representação disciplinar protocolados por autoridades da região, determinou a abertura de processos éticos-disciplinares. “Não compactuamos com os lamentáveis fatos veiculados nas redes sociais, nem com as expressões usadas pela advogada.”
O presidente da OAB em Minas Gerais, Sérgio Leonardo, também se manifestou sobre o caso.
“A OAB repudia de forma veemente as expressões utilizadas, que materializam preconceito e discriminação contra o povo nordestino. Caracteriza um tipo de xenofobia regional intolerável, inadmissível”, afirmou.
A Defensoria Pública de Minas Gerais ainda propôs uma ação civil pública contra a advogada e pediu indenização de 100 mil reais por danos morais.
Com a repercussão do vídeo, a advogada já havia pedido licença do cargo, antes mesmo da decisão da presidência.
Ao G1, a assessoria de imprensa de Flávia Moraes argumentou que ela se arrepende da conduta, mas que o fato “não se encontra tipificado como crime em qualquer dispositivo legal vigente”.
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