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O que se sabe sobre plano do PCC para executar um promotor e um coordenador de presídios

Criminosos investigavam a rotina de autoridades e seus familiares

O que se sabe sobre plano do PCC para executar um promotor e um coordenador de presídios
O que se sabe sobre plano do PCC para executar um promotor e um coordenador de presídios
O promotor de Justiça Lincoln Gakiya e o coordenador de presídios Roberto Medina. Créditos: Alesp e redes sociais
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A Polícia Civil de São Paulo desvendou um plano do Primeiro Comando da Capital, o PCC, para executar o promotor de Justiça Lincoln Gakiya e o coordenador de presídios Roberto Medina.

A corporação deflagrou nesta sexta-feira 24 uma operação que envolveu o cumprimento de 25 mandados de busca domiciliar em endereços relacionados aos envolvidos. Ao todo, os agentes cumpriram 11 ordens judiciais em Presidente Prudente, seis em Álvares Machado, duas em Martinópolis, duas em Pirapozinho, duas em Presidente Venceslau, uma em Presidente Bernardes e outra em Santo Anastácio.

A Polícia Civil desvendou um plano do PCC para executar um promotor de Justiça e um coordenador de presídios. Créditos: Divulgação SSP

Durante a ação, dois homens foram presos em flagrante por tráfico de drogas. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, a polícia apreendeu quatro veículos, um simulacro de arma de fogo, munições, celulares, laptops, computadores e tablets, além de 7,6 mil reais, quatro quilos de drogas e acessórios para a fabricação dos entorpecentes.

Como era o plano?

As apurações identificaram a existência de uma célula do crime organizado estruturada para realizar levantamentos sobre a rotina de autoridades e de seus familiares. De acordo com os investigadores, os criminosos já haviam mapeado e monitorado hábitos diários das vítimas. O grupo agia sob um esquema rígido de sigilo e divisão de tarefas entre seus integrantes, segundo as forças policiais.

O grupo teria alugado uma casa de luxo a menos de um quilômetro da residência de Lincoln Gakiya, com o intuito de mapear a rotina do promotor e dos policiais responsáveis por sua escolta pessoal. A suspeita é que os criminosos fossem atacá-lo durante o trajeto ao trabalho. Os policiais também afirmam que a casa servia como ponto de distribuição de drogas.

“A troca de informações entre os setores de inteligência das forças de segurança estaduais foi crucial para interromper o plano antes da execução, bem como identificar os suspeitos envolvidos”, detalhou a SSP, em nota. De acordo com a pasta, as investigações seguem com o intuito de identificar outros participantes do esquema criminoso.

Como o plano foi desvendado?

Os policiais começaram a desvendar o esquema em julho, a partir da prisão em flagrante de um homem por tráfico de drogas. Ao analisarem um celular apreendido com Vitor Hugo da Silva, conhecido como VH, os agentes descobriram a participação dele em um plano para matar Roberto Medina, a partir de um levantamento minucioso da rotina do coordenador de presídios, como fotos e vídeos do trajeto percorrido do trabalho até sua casa.

No curso das investigações, a polícia prendeu um segundo suspeito, Wellison Rodrigo Bispo de Almeida, o Corinthinha, também integrante do PCC. O homem, que reside em Martinópolis, havia alugado uma chácara a 53 quilômetros, em Presidente Bernardes. Os investigadores afirmam que ele estaria no local a mando do PCC para seguir os passos de Medina.

Em setembro, com a prisão de um terceiro suspeito, Sérgio Garcia da Silva, a polícia encontrou em um celular conversas conversas que indicavam o envolvimento dele no plano de assassinato de Medina e de Gakyia.

Quem é Lincoln Gakiya

O promotor integra o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo (Gaeco) de Presidente Prudente, no interior paulista. Assumiu a Promotoria de Justiça da Comarca da cidade em 1996, para onde foi enviada a cúpula do PCC dez anos depois. Há mais de duas décadas, Gakiya investiga as lideranças da facção criminosa e a infiltração dela no estado.

Durante coletiva de imprensa sobre o caso, na manhã desta sexta-feira, o promotor confirmou ser alvo dos criminosos. “Eles faziam levantamento da minha rotina pessoal, tive minha casa vigiada por drones”, afirmou. Ainda segundo ele, o plano de execução teria relação com a morte do ex-delegado geral paulista Ruy Ferraz, assassinado em 15 de setembro, na Praia Grande.

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