Saúde

O que se sabe sobre os casos de intoxicação por metanol em São Paulo

A vítima mais recente foi um homem de 45 anos, que morreu no domingo 28, em São Bernardo do Campo

O que se sabe sobre os casos de intoxicação por metanol em São Paulo
O que se sabe sobre os casos de intoxicação por metanol em São Paulo
O jovem Rafael se encontra internado há 28 dias, em estado grave. Créditos: Reprodução
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O estado de São Paulo acumula três mortes suspeitas por consumo de bebidas alcoólicas com metanol; dois casos são investigados no ABC Paulista e um na capital.

A vítima mais recente foi um homem de 45 anos, que morreu no domingo 28, em São Bernardo do Campo. No mesmo município também foi vítima um homem de 58 anos, que morreu no último dia 24, após ser atendido em um hospital público.

“Nos dois casos, os exames estão sendo realizados pelo Instituto Médico Legal para confirmar ou descartar a contaminação”, informou a Prefeitura de São Bernardo do Campo.

Na capital, a Secretaria Municipal de Saúde informou que foram identificados 14 casos suspeitos de intoxicação por metanol após o consumo de bebida alcoólica adulterada. Cinco vítimas permanecem internadas e um homem, de 54 anos, residente da região da Mooca/Aricanduva, morreu no último dia 15. Ele apresentou sintomas no dia 9 e foi atendido em instituição de saúde privada.

Uma vítima segue em coma e duas relataram cegueira

Uma reportagem exibida pelo programa Fantástico, da TV Globo, no domingo 28 mostrou histórias de vítimas que também se intoxicaram pela ingestão de bebidas batizadas com o metanol. O caso mais grave é o de Rafael, que se encontra internado há 28 dias, depois de consumir bebida adquirida em uma adega juntamente com amigos.

A mãe da vítima relatou que o filho está em coma e que os danos são considerados irreversíveis; o jovem, segundo o relato, está cego e respirando com a ajuda de aparelhos. Um dos amigos, Diogo Marques, chegou a ficar internado por três dias, e também relatou cegueira após a ingestão da bebida, mas conseguiu se recuperar. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil, que apreendeu bebidas no local para passar por perícia.

A jovem Rhadarani Domingos também narrou à reportagem ser vítima da intoxicação por metanol. Ela, que se encontra internada, e está cega, disse ter ingerido três caipirinhas durante uma confraternização em uma área nobre da capital. A jovem chegou a ter uma convulsão e precisou ser intubada.

Sintomas e orientações

Segundo a Secretaria de Saúde de São Paulo, o cenário é monitorado via Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), que divulgou uma nota técnica para orientar os profissionais da rede municipal de saúde para reconhecimento de sinais e sintomas, visando diagnóstico e tratamento rápidos, assim como a notificação dos casos suspeitos.

A pasta elencou que os sintomas de intoxicação por metanol podem incluir ataxia, sedação, desinibição, dor abdominal, náuseas, vômitos, cefaleia, taquicardia, convulsões e visão turva; e que, em casos de suspeita, é fundamental buscar atendimento médico de emergência.

A indicação é a de que a população localize o serviço de atendimento mais próximo via plataforma; ou busque orientações pelos telefones: (11) 5012-5311 e 0800 771 3733.

A Prefeitura de São Paulo informou que atua, via vigilância Sanitária do município, em fiscalizações em comércios varejistas, como restaurantes, bares, adegas, lanchonetes, e distribuidores/atacadistas de bebidas, para verificar a procedência das bebidas, se há nota fiscal de aquisição, lacre de segurança, integridade e legibilidade da rotulagem, se apresenta todas as informações obrigatórias (dados do fabricante/importador, lote, registro no órgão oficial), bem como a manipulação.

Segundo a gestão municipal, de 22 a 26 de setembro, foram realizadas 43 inspeções, que resultaram em duas autuações, interdição de bebidas relacionadas aos casos, além do recolhimento pela Polícia para perícia.

No sábado 27, o Ministério da Justiça emitiu uma recomendação urgente aos estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas no estado de São Paulo e regiões próximas. A principal orientação é a de que os locais priorizem a compra segura de bebidas alcoólicas.

Além disso, o ministério recomenda que os comerciantes evitem a compra de produtos com preços anormalmente baixos, lacres tortos, erros grosseiros de impressão, odor semelhante a solventes; as características, bem como relatos de consumidores com sintomas como visão turva, dor de cabeça intensa, náusea ou rebaixamento da consciência, devem ser tratados como suspeita de adulteração.

Diante dos casos, os estabelecimentos devem interromper imediatamente a venda do lote; isolar fisicamente os produtos; preservar garrafas, caixas, rolhas e rótulos como evidência; e manter ao menos uma amostra íntegra por lote para possível perícia.

Consumidores sintomáticos devem ser encaminhados para para atendimento médico urgente, sendo possível acionar o Disque-Intoxicação (0800 722 6001), serviço da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Também é indicado comunicar a Vigilância Sanitária local, Polícia Civil (197), Procon, e, quando aplicável, o próprio Ministério da Saúde.

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