Sociedade

O que se sabe sobre a quadrilha que desviava dinheiro do Farmácia Popular

Segundo a Polícia Federal, os desvios do programa se aproximam de 40 milhões de reais

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O que se sabe sobre a quadrilha que desviava dinheiro do Farmácia Popular
Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil
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Uma investigação da Polícia Federal revelou um esquema criminoso que usava farmácias de fachada em diversas regiões do Brasil para desviar dinheiro do programa Farmácia Popular, lavar recursos do tráfico e financiar a compra de cocaína na Bolívia e no Peru. O caso foi revelado pelo Fantástico, da TV Globo, na noite do domingo 20.

A organização criminosa desviou quase 40 milhões de reais do programa do governo federal. Em Águas Lindas (GO), por exemplo, a comunidade do Portal da Barragem descobriu que duas farmácias que sequer existiram oficialmente teriam recebido, juntas, quase 500 mil reais.

Segundo a PF, 148 farmácias — reais ou de fachada — foram envolvidas no esquema, que ainda contava com o uso indevido de CPFs de inocentes para uma falsa retirada de medicamentos. Ainda de acordo com os investigadores, cerca de 160 mil documentos pessoais foram utilizados irregularmente pela quadrilha.

A fraude começou a ser desvendada quando a Polícia Federal apreendeu 191 quilos de drogas com um caminhoneiro que havia saído de Rondônia. Parte da carga foi entregue em Ribeirão Preto (SP) e o restante foi deixado em Luziânia (GO), onde seria recebido por Clayton Soares da Silva, dono de farmácias no Rio Grande do Sul e em Pernambuco.

Os homens foram presos em flagrante. No celular do empresário, agentes encontraram documentos e mensagens que revelaram o funcionamento do esquema. Os investigadores chegaram a Fernando Batista da Silva, conhecido como “Fernando Piolho”, apontado como chefe da organização.

A polícia apontou que Fernando fazia repasses de dinheiro a pessoas em cidades próximas à fronteira com o Peru e com a Bolívia. Uma das beneficiárias do esquema, segundo a PF, é a esposa de um integrante do Clã Cisneros, organização criminosa peruana que opera laboratórios de cocaína.

Os investigadores apontaram, ainda, que 8.138 farmácias com indícios de irregularidade foram excluídas do programa.

“Todos os dias nós combatemos em torno de 140 mil tentativas de autorizações irregulares no programa”, disse à Globo Rafael Bruxellas Parra, diretor do Departamento nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde.

O Farmácia Popular oferece 41 itens entre fármacos, fraldas e absorventes.

Desde fevereiro deste ano, todos os itens contemplados pelo programa são distribuídos gratuitamente em estabelecimentos credenciados.

Com a ampliação da gratuidade, fraldas geriátricas, por exemplo, passaram a ser fornecidas de graça para o público elegível, como pessoas com 60 anos ou mais e indivíduos com mobilidades reduzida. A dapagliflozina, utilizada no tratamento do diabetes associado a doença cardiovascular, também passou a ser gratuita no programa.

Em julho de 2024, o Ministério da Saúde já havia anunciado uma ampliação para 95% do total de itens oferecidos pelo Farmácia Popular com distribuição gratuita em unidades credenciadas. Na ocasião, medicamentos para tratar colesterol alto, doença de Parkinson, glaucoma e rinite passaram a ser retirados de graça.

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