Sociedade

O que esperar de 2016?

Colunistas e blogueiros de CartaCapital falam de suas expectativas em seu campo de atuação

Apoie Siga-nos no

Os colunistas e blogueiros de CartaCapital revelam o que esperam do novo ano em áreas como política, direitos humanos, economia, cultura, esporte e meio ambiente.

 

Cinquenta anos depois, com 2016 à vista, estou como aquele Pedro Pedreiro de 1966, que Chico Buarque cantou:

Esperando o trem.
Esperando o sol.
Esperando o Carnaval.
Esperando a sorte grande do bilhete pela Federal.
Esperando a festa.
Esperando aumento para o mês que vem.
Esperando o dia de esperar ninguém.
Esperando enfim, nada mais além.
Da esperança aflita, bendita, infinita do apito de um trem.

Alberto Villas, colunista

 

Acho que é 2016 que vai esperar de nós. Um ano que vai exigir tomada de atitude, posicionamento. Quem continuar reproduzindo velhos padrões e fingindo que não faz parte do problema vai ser atropelado pela história. Já está sendo. 2016 carrega a chance de poder mudar isso.

Aline Valek, colunista

 

Lançar o olhar ambiental para 2016 é um exercício de fé. O País ainda vai escorregar na lama da Samarco por bons anos e precisa retomar a governança florestal para voltar a reduzir o desmatamento. Em plena crise hídrica no sudeste a perda média de água tratada nas redes de distribuição chega a 40%.

Dal Marcondes, colunista 

 

No cinemão vai ser difícil escapar de Batman vs Superman e Esquadrão Suicida. Aqui no Brasil, a expectativa é saber se o investimento no audiovisual, que começou a gerar um número maior de produções consistentes, resiste ao contexto econômico geral.

Diego Olivares, TelaTela 

 

Eu espero que em 2016 a população negra, em especial a mulher negra, possa ter direito à vida e voz. Que possamos resistir para reexistir num mundo que ainda insiste em nos determinar. Um 2016 de luta e realizações. 

Djamila Ribeiro, colunista 

 

Espero, no fundo desejo, que cada vez mais o Brasil não só produza bons filmes, séries e programas de TV, mas que também encontre seu público. Que os espectadores queiram, e encontrem, muito mais opções nacionais nos cinemas, TV e plataformas on demand. 

Flavia Guerra, TelaTela 

 

Que a União Europeia busque soluções reais e éticas para a crise de refugiados e não apenas um acordo moralmente questionável com a Turquia (um país com histórico extenso de violações de direitos humanos) para evitar que mais refugiados entrem no continente. 

Gabriel Bonis, Politike

 

Uma esfera pública de debates que não seja determinada apenas pelos interesses de quem controla a grande mídia no Brasil, mas que seja fruto da diversidade de opiniões e ideias que existe em nossa sociedade. Um país em que o direito de se expressar, se manifestar e ser ouvido seja, enfim, de todos e todas. 

Intervozes, blog 

 

Que em 2016, o Brasil resista aos “cantos de sereia” dos acordos Mercosul – União Europeia, Parceria Transpacífica (TPP) e Acordo sobre Comercio de Serviços (TISA). Que o governo não só preserve, mas fortaleça os fundamentos da Política Externa Ativa e Altiva.

Kjeld Jakobsen, Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais/GR-RI 

 

O mundo estará de olho no Rio de Janeiro. Os Jogos Olímpicos carregam a expectativa por grandes histórias de superação e heroísmo. Mas haverá também uma preocupação maior com a segurança após os atentados de Paris. Além disso, o Brasil terá de provar que consegue organizar o evento e deixar um legado concreto após ter investido mais de R$ 38 bilhões na Olimpíada.

Fabio Chiorino, Esporte Final 

 

Ao olhar para 2015 e vermos 46 mortos no campo, cinco meninos negros fuzilados, estudantes espancados, um rio assassinado por lama, não podemos deixar o céu cair sobre nossas cabeças: 2016 é o ano para se “cantar, dançar e suspender o céu“, ter ousadia para o enfrentamento político e lutar pelo futuro. 

Felipe Milanez, colunista 

 

Da maneira como 2015 está terminando, o cenário para 2016 não parece nada animador. Crescimento da intolerância, das violências, das tensões. Um horizonte de escalada de dificuldades, mas que, como todo período de crise, pode significar também oportunidades. A utopia faz-se imprescindível.

Maíra Kubík Mano, Território de Maíra

 

Tudo o que podemos esperar de 2016 é que 2014 um dia acabe. E que, acabando 2014, todos os movimentos pela ampliação da visibilidade e da representação de grupos historicamente marginalizados ganhem força e promovam as transformações adiadas desde o fim da ditadura, da escravidão e da colonização.

Matheus Pichonelli, colunista 

 

Espero que 2016 seja, em todos os sentidos, o ano após 2015. Que a gente supere a instabilidade política e depressão econômica. Que o Brasil não busque em golpes rasteiros uma solução imediatista cujos efeitos vão durar décadas. E espero que a Câmara dos Deputados tenha um novo presidente, sem contas no exterior. Esperar o Cunha na cadeia é querer demais?

Maurício Moraes, colunista 

 

Cansado de disputas entre grupos por espaço no comando da nação, o Brasil começa a reagir. Que se trucidem ou não, nós queremos viver. É a hora em que o investidor desiste de continuar perdendo dinheiro só para beneficiar um dos grupos. E recomeça a investir. A literatura, contudo, vai continuar sendo a iguaria de poucos, muito poucos.

Menalton Braff, colunista 

 

O desrespeito à Constituição permanecerá com apoio social, infelizmente. Creio que a onda punitivista e amesquinhadora dos direitos fundamentais, que assola nossa jurisdição e nossas ações policiais, permanecerá, por influência negativa da mídia e de uma onda fabricada de opinião pública, que acredita na violência estatal como forma de solução da criminalidade.

Pedro Estevam Serrano, colunista 

 

Na América Latina, os governos de esquerda e os movimentos sociais enfrentarão a catarse das transformações fruto da vitória de Macri na Argentina e da oposição na Venezuela, além da crise política no Brasil, com a urgência de renovar o discurso para se contrapor à escalada da direita no continente.

Rede LatinAmérica, blog 

 

Devemos estar preparados para novas turbulências e fenômenos climáticos extremos, tanto no que se refere ao aumento na temperatura do planeta, como na política e na economia. Será fundamental que neste novo ano sejamos capazes de resistir aos assédios cada vez mais ameaçadores à legislação ambiental brasileira.  Entre eles, não permitir que afrouxemos as regras do licenciamento ambiental e as que garantem o cumprimento do Código Florestal. E, claro, temos que evitar a todo custo que tragédias como a de Mariana voltem a ocorrer em nosso país.

Reinaldo Canto, colunista

 

Tempos difíceis: avanço mundial da direita, ações militares imperialistas no Oriente  Médio e na África, ameaçam a Paz configurado as bases de um confronto reunindo Rússia, China, EUA e União Europeia. Entre nós crescem o conservadrismo e as ações protofascistas reclamando a união de liberais, democratas, progressistas e de toda a esquerda. 

Roberto Amaral, colunista 

 

Estamos perdendo a soberania sobre nossos corpos: da qualidade do alimento que ingerimos aos direitos reprodutivos. A criminalização do óbvio é legitimada em um vazio ético e violento. Vidas invisíveis são executadas.  A utopia vem de adolescentes e mulheres. Que as redes sociais encorajem a tomada das ruas por todos aqueles corpos que não aceitam valer menos.

Rosana Pinheiro-Machado, colunista 

 

Como o que esperar de 2016? O mesmo que do também bissexto 1816, ora bolas. Fenômeno climático fez parte de Europa, Estados Unidos e Canadá conhecer o Ano sem Verão ou da Pobreza. Para quem vocês acham que 100, 200 ou 300 anos fazem diferença? No Brasil haverá verão. Pobreza também. Fala aí, senzala, se não!

Rui Daher, colunista

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.