Saúde

No segundo ano de pandemia, Brasil registrou o maior número de óbitos e o menor de nascimentos

Pico de mortes aconteceu no primeiro semestre de 2021; queda nos nascimentos segue tendência dos últimos anos

Cemitério em Manaus acumula óbitos por Covid-19. Foto: MICHAEL DANTAS/AFP
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No segundo ano da pandemia de Covid-19, em 2021, o Brasil registrou o maior número de óbitos de toda a série histórica, iniciada em 1974, e o menor número de nascimentos da série, que teve início em 2003. Os dados integram as Estatísticas do Registro Civil e foram divulgados nesta quinta-feira 16, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Segundo o IBGE, o Brasil registrou, naquele ano, cerca de 1,8 milhão de mortes. Em comparação a 2020, o País teve 273 mil óbitos a mais, um aumento de 18%. Por outro lado, o segundo ano da pandemia foi marcado pelo registro de 2,6 milhões de crianças, o que representa 43 mil nascimentos a menos que em 2020, ou uma queda de 1,6%.

O crescimento no número de óbitos em 2021 foi mais intenso do que o observado em 2020, especialmente, entre os adultos de 40 a 49 anos (35,9%) e de 50 a 59 anos (31,3%).

Pico de mortes no primeiro semestre de 2021

O aumento de óbitos aconteceu especialmente no primeiro semestre. Naquele período, as mortes por causas relacionadas à Covid atingiram o ápice, com média de mais de 3 mil mortes diárias. Em março, por exemplo, o País registrou 202,5 mil mortes, 77,8% superior ao mesmo mês do ano anterior.

Conforme a gerente da pesquisa, Klívia Brayner, a pandemia de Covid-19 reestruturou a demografia do País.

“Quando a demografia faz seus estudos, desenvolve projeções baseadas em um cenário mais ou menos estável. Mas o número de nascimentos ficou muito abaixo do que a própria projeção do IBGE indica e o número de óbitos, muito acima”, afirmou a gerente.

Antes da pandemia, de 2010 e 2019, o crescimento médio anual de óbitos era de 1,8%. Entre 2020 e 2021, a variação positiva foi de 14,9%. Em comparação a 2019, o País experimentou um incremento de 469 mil mortes, ou 35,6% a mais.

Queda no número de mortes por conta da vacinação contra Covid-19

Em 2021, a queda no número de mortes começou a acontecer no segundo semestre, coincidindo com a ampliação da vacinação contra Covid-19. Entre setembro e dezembro daquele ano, os registros de óbitos foram menores dos que os visualizados nos mesmos meses de 2020.

“A implementação de medidas sanitárias e, posteriormente, as campanhas de incentivo à vacinação parecem ter contribuído para o recuo da pandemia e suas consequências. Há uma clara aderência entre a diminuição no número de óbitos e o avanço da vacinação no país”, avalia Klívia Brayner.

Em 2021, por exemplo, os aumentos de mortes entre idosos acima de 70 anos foram menores dos que os registrados em 2020. Esse foi, justamente, um dos grupos prioritários que recebeu os primeiros lotes de vacina, logo nos primeiros meses de 2021.

Queda nos nascimentos

O Brasil já vinha registrando, no histórico recente, queda nos números de registro de nascimento. Antes da pandemia, por exemplo, entre 2018 e 2019, a redução dos nascimentos foi de aproximadamente 3% (87,8 mil a menos).

Entretanto, a pandemia apresentou um cenário à população brasileira (e do mundo, como um todo) um cenário de insegurança, por exemplo, em relação ao futuro imediato. Segundo Klívia Brayner, essa hipótese pode explicar o fato de 2021 ter registrado o menor número de nascimentos da série histórica.

“A redução de registos de nascimentos, observada pelo terceiro ano consecutivo, parece estar associada à queda da natalidade e da fecundidade no país, já sinalizada pelos últimos Censos Demográficos. Outra hipótese é que a pandemia tenha gerado insegurança entre os casais, fazendo com que a decisão pela gravidez tenha sido adiada”, avaliou a gerente da pesquisa.

Registro de casamentos e aumento dos divórcios

O IBGE divulgou, ainda, números sobre o cenário de casamentos e divórcios no Brasil. Em 2021, o país registrou 932,5 mil casamentos civis, o que representa um aumento de 23,2% em comparação a 2020. O crescimento em 2021 é uma exceção à regra, observada desde 2015, que indica queda nos registros de casamento. Entre 2019 e 2020, por exemplo, a queda foi de 26,1%. O número, entretanto, não supera o patamar pré-pandemia.

Do total de registros de 2021, 9.202 foram de pessoas do mesmo sexo. Esse número representa um aumento de 43% em relação a 2020.

Sobre os divórcios, o ano de 2021 registrou 386,8 mil casos. Um aumento, assim, de 16,8% em comparação a 2020. Entre 2010 e 2021, o tempo médio entre a data do casamento e a data da sentença (ou escritura) do divórcio caiu de 15,9 para 13,6 anos.

A gerente da pesquisa, porém, chama a atenção para as dificuldades que o IBGE enfrenta na coleta de informações sobre divórcios no país. Segundo nota técnica do IBGE, as principais causas da dificuldade são o “processo de informatização das Comarcas Judiciais e a implementação gradual do Processo Judicial Eletrônico, desde 2013”. 

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