Política

‘Negacionismo mata’: CNBB, OAB e outras entidades pedem rapidez na vacinação e o fim do obscurantismo

‘Ineficiência do Governo Federal, primeiro responsável, é notória. Governadores e prefeitos não podem assumir papel de cúmplices’

Jair Bolsonaro e Eduardo Pazuello. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Entidades signatárias do Pacto pela Vida e pelo Brasil, como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a Ordem dos Advogados do Brasil e a Comissão Arns, divulgaram um comunicado em que cobram do governo de Jair Bolsonaro a adoção urgente de medidas para conter a Covid-19.

No texto, as entidades criticam o negacionismo, prestam solidariedade às vítimas do novo coronavírus e afirmam que está na hora de “estancar a escalada da morte”.

“A população brasileira necessita de vacina agora. O vírus não será dissipado com obscurantismos, discursos raivosos ou frases ofensivas. Basta de insensatez e irresponsabilidade”, diz trecho do texto.

“Além de vacina já e para todos, o Brasil precisa urgentemente que o Ministério da Saúde cumpra o seu papel, sendo indutor eficaz das políticas de saúde em nível nacional, garantindo acesso rápido aos medicamentos e testes validados pela ciência, a rastreabilidade permanente do vírus e um mínimo de serenidade ao povo”.

O comunicado ainda aponta a “notória” ineficiência do governo federal, “primeiro responsável pela tragédia que vivemos”, e apela a prefeitos, governadores, Congresso Nacional e Poder Judiciário.

Por fim, a nota se dirige à juventude brasileira, que deve assumir “o seu protagonismo histórico na defesa da vida e do País, desconstruindo o negacionismo que agencia a morte”.

Assinam o texto, além de CNBB, OAB e Comissão Arns, a Associação Brasileira de Imprensa, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e a Academia Brasileira de Ciências.

Leia a íntegra do comunicado:

Nós, entidades signatárias do Pacto pela Vida e pelo Brasil, sob o peso da dor e com sentido de máxima urgência, voltamos a nos dirigir à sociedade brasileira, diante do agravamento da pandemia e das suas consequências. Nossa primeira palavra é de solidariedade às famílias que perderam seus entes queridos.

Não há tempo a perder, o negacionismo mata. O vírus circula de norte a sul do Brasil, replicando cepas, afetando diferentes grupos etários, castigando os mais vulneráveis. Doentes morrem agonizando por falta de recursos hospitalares. O Sistema Único de Saúde (SUS) continua salvando vidas. No entanto, os profissionais da saúde, após um ano na linha de frente, estão à beira da exaustão. A eles, nosso reconhecimento.

É hora de estancar a escalada da morte! A população brasileira necessita de vacina agora. O vírus não será dissipado com obscurantismos, discursos raivosos ou frases ofensivas. Basta de insensatez e irresponsabilidade.  Além de vacina já e para todos, o Brasil precisa urgentemente que o Ministério da Saúde cumpra o seu papel, sendo indutor eficaz das políticas de saúde em nível nacional, garantindo acesso rápido aos medicamentos e testes validados pela ciência, a rastreabilidade permanente do vírus e um mínimo de serenidade ao povo.

A ineficiência do Governo Federal, primeiro responsável pela tragédia que vivemos, é notória. Governadores e prefeitos não podem assumir o papel de cúmplices no desprezo pela vida. Assim, apoiamos seus esforços para garantir o cumprimento do rol de medidas sanitárias de proteção, paralelamente à imunização rápida e consistente da população. Que governadores e prefeitos ajam com olhos não só voltados para os seus estados e municípios, mas para o país, através de um grande pacto.  Somos um só Brasil. 

Ao Congresso Nacional, instamos que dê máxima prioridade a matérias relacionadas ao enfrentamento da Covid-19, uma vez que preservar vidas é o que há de mais urgente.  Nesse sentido, o auxílio emergencial digno, e pelo tempo que for necessário, será imprescindível para salvar vidas e dinamizar a economia.  Ao Poder Judiciário, sob a liderança do Supremo Tribunal Federal, pedimos que zele pelos direitos da cidadania e pela harmonia entre os entes federativos. Que a imprensa atue livre e vigorosamente, de forma ética, cumprindo sua missão de transmitir informações confiáveis e com base cientifica, sobre o que se passa. Enfim, que a voz das instituições soe muito firme na defesa do povo brasileiro!

Fazemos ainda um apelo particular à juventude. O vírus está infectando e matando os mais jovens e saudáveis, valendo-se deles como vetores de transmissão. Que a juventude brasileira assuma o seu protagonismo histórico na defesa da vida e do país, desconstruindo o negacionismo que agencia a morte. 

Sabemos que a travessia é desafiadora, a oportunidade de reconstrução da sociedade brasileira é única e a esperança é a luz que nos guiará rumo a um novo tempo.

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