Sociedade

Músico negro foi preso por engano, dizem familiares e amigos

Jovem, de 23 anos, foi detido na quarta-feira 2 em Niterói (RJ). Neste sábado, artistas e colegas protestaram em frente ao presídio

Justiça do Rio determinou a soltura de músico negro preso em Niterói. (Foto: Reprodução) Justiça do Rio determinou a soltura de músico negro preso em Niterói. (Foto: Reprodução)
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A prisão do músico Luiz Carlos Justino, de 23 anos, na última quarta-feira 2, revoltou familiares e amigos do artista.  O caso aconteceu em Niterói (RJ) e desde então os parentes tentam provar a inocência do jovem.

A polícia alega que, contra o músico, havia um mandado de prisão aberto por assalto à mão armada que teria ocorrido na manhã de 5 de novembro de 2017, um domingo.

No entanto, testemunhas dizem que, na época do crime, Justino tinha contrato fixo com uma padaria, onde tocava violoncelo. As apresentações aconteciam justamente aos domingos pela manhã.

Neste sábado 5, artistas da Orquestra de Cordas da Grota protestaram em frente ao presídio onde está o violoncelista.

Entenda o caso

No dia em que foi preso, Justino havia acabado de fazer uma apresentação com os colegas da orquestra.  Ele estava com um amigo em um bar quando foi abordado por policiais militares.

Depois que foram revistados e tiveram os nomes pesquisados, o músico foi levado para a delegacia.

Segundo o processo, o assalto teria ocorrido na Vila Progresso, que fica a 7 km da padaria na qual o músico tocava.

Na decisão que decretou a prisão preventiva, a juíza Fernanda Magalhães Freitas Patuzzo diz que a detenção é necessária para garantir a tranquilidade da vítima que reconheceu Justino na delegacia.

A Polícia Civil, de acordo com o G1,  não respondeu de que maneira foi feito o reconhecimento pela vítima.

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) também não esclareceu quais foram as provas colhidas no inquérito para apresentação da denúncia.

“Ele costumava, sim, perder muito os documentos. Perdeu duas ou três vezes. E, como para ele era só ir lá e fazer outro, alguém usou o documento, usou para fazer alguma coisa e ficou gravado lá o nome dele”, afirmou Mariana Soares do Nascimento, esposa de Justino, em entrevista ao G1.

De acordo com o jornal O Globo, a família participou de uma reunião online com representantes da Comissão de Direitos Humanos neste sábado.

Ao jornal, o tio do músico disse que o encontro virtual serviu para decidir que caminho jurídico tomar.

“Nós estamos juntando algumas coisas para entrar com recurso, pois nos explicaram como foi feito o reconhecimento, por foto, e a abordagem da polícia que o levou sem explicar nada. Além disso, nos explicaram que só quando você é intimado pela terceira vez que se tem um mandado de prisão, mas o meu sobrinho não foi intimado nenhuma vez mesmo morando no mesmo endereço sempre e tendo o mesmo número de telefone desde 2017”, afirmou.

“A gente vai entrar com todas as ações possíveis porque você expõe a vida de uma pessoa que nunca fez nada disso do que estão dizendo, que sempre correu atrás sem prejudicar ninguém, que estuda música desde os 6 anos… A gente vai correr atrás sim e todo mundo que está envolvido será processado”, completou.

Repercussão

Nas redes sociais, o assunto foi um dos mais comentados hoje. Na plataforma Change.org foi criado um abaixo-assinado em defesa da liberdade do músico.

Leia algumas reações.

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