Elas estão em todos os lugares e hoje ocupam profissões que outrora eram predominantemente masculinas. Cuidam do orçamento familiar, da educação dos filhos, da casa e ainda sabe-se lá onde encontram tempo para investir na manutenção da aparência.
A proporção de mulheres trabalhando com carteira assinada aumentou sensivelmente na última década. Se em 2002, do total da população feminina com idade entre 16 e 60 anos, duas em cada dez estavam trabalhando no mercado formal, neste ano são três em cada dez.
A valorização da carreira influenciou essa mulher a cuidar mais de si mesma. Ela percebeu que para ter destaque no mercado de trabalho precisa estar bem apresentável e isso inclui não apenas uma vestimenta adequada, mas também um cabelo bem cuidado e uma maquiagem bem feita. Cuidar de si mesma melhora a autoestima e consequentemente as deixa mais seguras para encarar uma reunião com o chefe, ambicionar uma promoção e até mesmo mudar de emprego.
Andando pelas grandes cidades não é difícil encontrar mulheres se maquiando em ônibus, metrôs e trens, aproveitando o tempo desperdiçado no trânsito entre suas casas e locais de trabalho. Isso é uma prova inquestionável do que estamos identificando nas pesquisas de comportamento realizadas pelo Data Popular.
Investimento em educação também não é descartado por elas. De um terço das mulheres que costumam guardar algum dinheiro, 40,7% objetivam realizar um sonho pessoal, seja a universidade, o curso profissionalizante ou mesmo a viagem dos sonhos e a realização da cirurgia plástica.
Isto, porque 44,8% das mulheres começam a ultrapassar a zona de peso ideal, segundo o IMC (Índice de Massa Corporal). Entre as hipóteses para esse aumento do sobrepeso e da obesidade está a de que as mulheres estão se alimentado mais fora de casa por conta do trabalho, e muitas vezes falta tempo para o arroz e feijão. Elas acabam optando pela cultura americanizada do fast food, que já chegou ao Brasil há um bom tempo.
Entretanto o seu ideal de beleza não é aquele exibido nas passarelas, através dos corpos esguios das modelos. A mulher brasileira ambiciona um corpo curvilíneo, mas próximo das suas origens; ela valoriza os seus contornos e até acha bonito um volume corporal no quadril, por exemplo.
Num estudo recente, apresentamos três perfis de corpos de mulheres: o da Juliana Paes, Gisele Bündchen e Geisy Arruda, todas sem mostrar seus rostos. O curioso foi identificar que sete entre dez mulheres brasileiras concordaram que o corpo da Geisy era o mais atraente, ou seja, um biótipo mais próximo ao corpo da mulher brasileira.
Juliana, apesar de curvilínea, apareceu mais magra em campanhas recentes, e o corpo da Gisele mal foi citado. Acreditamos que, como as mulheres da Nova Classe Média representam a maioria das mulheres brasileiras, seus valores de brasilidade, presentes inclusive nas formas mais abundantes, prevaleceu nesta pesquisa. O ideal de magreza, nesse sentido, é oriundo das Classes A e B, que se espelham em padrões internacionais, presentes no mundo das passarelas.
Contrastes de percepção de imagem também aparecem quando o assunto é cabelo. Embora o liso e comprido seja preferência nacional, quando separamos essas mulheres pela cor da pele, é nítida a preferência das negras pelos cabelos cacheados, que valorizam mais seu biótipo natural. E se levarmos em consideração que a maioria das mulheres da Nova Classe Média é negra, é possível sentir sua influência no estudo, que também mostra que a importância que estas mulheres dão a produtos de beleza cresceu nos últimos anos.
Embora não sejam as únicas responsáveis pelos gastos com produtos e serviços de beleza e cuidados pessoais, as mulheres determinam grande parte do dinheiro nessa categoria. Neste ano, os brasileiros gastaram 53,5 bilhões de reais com este segmento. Um mercado nada desprezível para as empresas.