Sociedade
Mulher indígena presa em cela masculina acusa policiais por estupros em série no Amazonas
O caso, relatado ao portal Sumaúma, ocorreu em uma delegacia na cidade de Santo Antônio do Içá, a mais de 800 quilômetros de Manaus


Uma mulher indígena do povo Kokama, custodiada pelo estado do Amazonas, acusa policiais de terem cometido estupros em série contra ela, em uma cadeia masculina, enquanto ela amamentava seu bebê. O caso foi relatado ao jornalista Rubens Valente, do portal Sumaúma.
Condenada por homicídio, a indígena cumpria prisão domiciliar até ser detida de surpresa, em dezembro de 2022, durante uma ocorrência de suposta violência doméstica. Levada à delegacia de Santo Antônio do Içá, permaneceu por nove meses no mesmo espaço que presos homens — contrariando as normas básicas de custódia.
Ali, segundo seu relato ao Sumaúma, cinco policiais militares e um agente da guarda municipal a submeteram a sexo vaginal e anal forçado, sob ameaça de represálias caso denunciasse. Os ataques ocorreriam inclusive enquanto ela amamentava o filho recém-nascido. Um exame do Instituto Médico Legal obtido pelo site constatou fissura anal e hematomas compatíveis com estupro, corroborando a denúncia.
Alertas médicos e pedidos de transferência foram ignorados até julho de 2023; a remoção para uma prisão feminina só veio em 28 de agosto — sete dias após o último estupro relatado. Em meio a sequelas físicas e psicológicas, a vítima segue encarcerada em Manaus, enquanto sua defesa busca indenização. A Justiça rejeitou um pedido inicial de 500 mil reais; o governo do estado propôs valores entre 30 mil e 50 mil, ainda sem acordo.
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