Sociedade
Mulher escreve bilhete e salva passageira de assédio em ônibus
“Você pode fingir que me conhece”, disse mensagem escrita em pedaço de papel


Uma mulher livrou uma passageira de ônibus de uma situação de assédio sexual no Rio de Janeiro, após entregá-la um bilhete oferecendo ajuda. Num pedaço de folha de caderno, escreveu: “Moça, mexe na sua orelha direita se esse cara ao seu lado estiver te incomodando. Meu nome é Camila e você pode fingir que me conhece”. O relato foi publicado no dia 13 de junho, numa rede social, pela própria moça que recebeu o aviso. O caso passou de 100 mil reações e alcançou cerca de 50 mil compartilhamentos.
No texto, Thaíza Paula conta que estava no ônibus, a caminho do trabalho, quando um homem se sentou ao seu lado e não parou de olhá-la. A jovem afirma ter ficado incomodada com a situação, mas teve medo em tomar alguma providência.
“A vontade de sair de perto era grande, mas o medo do próprio fazer alguma coisa para impedir era maior. O homem, além de não parar de me olhar, ficava o tempo todo olhando para trás e para os lados do ônibus, inquieto”, contou Thaiza, na publicação.
Ela diz que, em seguida, uma mulher entrou no ônibus, sentou-se atrás dela e a cutucou com o bilhete na mão. “Resumindo: fingimos que nos conhecíamos de algum lugar, e logo em seguida fui para o banco de trás e sentei ao lado dela, começamos a conversar e trocamos WhatsApp”, relatou. “O tal homem ficou meio sem entender nada, e logo em seguida desceu do ônibus”.
Segundo ela, as duas trocaram mensagens após o ocorrido. Uma das frases da passageira que a salvou teria sido: “O mundo já está tão ruim, e nós mulheres temos que estar mais unidas”.
Assédios cotidianos
Uma pesquisa divulgada na quarta-feira 18 aponta que 97% das mulheres entrevistadas dizem já ter sido vítimas de assédio em meios de transporte, e 71% conhecem alguma mulher que já sofreu assédio em público. O levantamento foi realizado pelos Institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, em parceria com uma empresa de transporte por aplicativo.
O estudo também informa que 72% das entrevistadas dizem que o tempo de locomoção entre a casa e o trabalho influenciam na decisão de aceitar um emprego ou permanecer nele. Além disso, 46% dizem não se sentir confiantes para usar transportes coletivos sem sofrer assédio sexual.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.