MP abre procedimento sobre ação da PM em São Gonçalo e mira violação de direitos

Sete mortos foram identificados, segundo a Polícia Civil; moradores apontam sinais de tortura

A chegada de policiais militares ao local onde moradores colocaram os corpos. Foto: Reprodução/TV Globo

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O Ministério Público do Rio de Janeiro instaurou um procedimento criminal para investigar a ação realizada pela Polícia Militar no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, que resultou em mortes. A ação vai analisar violações de direitos durante a operação.

 

 

Moradores contaram ter encontrado ao menos oito corpos em uma região de manguezal nesta segunda-feira 22. Também há relatos de que os corpos tinham sinais de tortura, como a retirada de membros.

O procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, destacou uma representação do MP para ouvir declarações de testemunhas e acompanhar os exames da perícia técnica no Instituto Médico Legal.


Álvaro Quintão, integrante da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, mencionou indícios de ‘tortura’ ao site Metrópoles. “A indicação é de que houve tortura, inclusive de pessoas inocentes, sem ligação estabelecida ou confirmada com o crime organizado.”

Sete mortos foram identificados e deles, segundo a Polícia Civil, cinco possuem antecedentes ou anotações criminais.

Um dos homens, no entanto, seria um eletricista sem antecedentes criminais, de acordo com o advogado. Hélio da Silva Araújo e seu filho, que trabalhava como ajudante, estariam entre os mortos, conforme a descrição de familiares. A irmã do eletricista disse que ele teve a garganta cortada.

 

 

O confronto na região, segundo a PM, começou na madrugada do sábado 20, quando o sargento Leandro Rumbelsperger da Silva, de 38 anos, foi atacado a tiros por criminosos durante um patrulhamento em Itaúna, bairro vizinho às Palmeiras e também parte do Complexo do Salgueiro. Leandro morreu no hospital. O Batalhão de Operações Especiais foi mobilizado e os embates se acirraram, continuando no domingo 21.

O porta-voz da PM, tenente-coronel Ivan Blaz, detalhou a atuação de uma quadrilha na região, chefiada por Antônio Ilario Ferreira, o Rabicó, que continua a ser procurado. Ainda de acordo com o policial, a quadrilha teria se preparado para enfrentar o Bope, em referência às roupas camufladas encontradas com alguns mortos. “Esse resultado [oito mortos] não é esperado em um mundo civilizado”, emendou.

 

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