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Mortalidade infantil de menores de 5 anos registra queda histórica em 2022, mostra relatório da ONU

Progresso “mascara” as desigualdades em todo o mundo, com a África Subsaariana respondendo por mais da metade das mortes de crianças menores de 5 anos em 2022

A África Subsaariana respondeu por mais da metade das mortes de crianças menores de 5 anos em 2022. Foto: Michele Spatari / AFP
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Em 2022, a mortalidade infantil ficou abaixo de 5 milhões, mas esse progresso “precário” ainda está longe de ser um objetivo final, de acordo com a ONU. Essa nova estimativa de 4,9 milhões em 2022 representa uma queda de 51% desde 2000 e de 62% desde 1990.

“Há boas notícias e a mais importante é que atingimos um recorde histórico de mortalidade dos menores de 5 anos, que caiu para 4,9 milhões e pela primeira vez ficou abaixo dos 5 milhões”, disse à AFP Helga Fogstad, responsável pelas questões de saúde do Unicef, responsável pelo relatório em cooperação com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Banco Mundial.

Os progressos foram particularmente visíveis em alguns países em desenvolvimento, como Malawi, Ruanda, República Democrática do Congo, Camboja e Mongólia, onde a mortalidade infantil caiu para mais de 75% desde o ano 2000.

“Por trás desses números, há histórias de parteiras e profissionais de saúde qualificados que ajudam as mães a dar à luz com segurança, que vacinam e as protegem de doenças mortais” ou que vão “em casa” para garantir a boa saúde e nutrição das crianças, disse em um comunicado Catarina Russell, diretora-geral da Unicef.

“Mas esta é uma conquista precária. É provável que o progresso registre uma estagnação ou mesmo uma reversão, a menos que sejam feitos esforços para enfrentar as muitas ameaças à saúde e à sobrevivência de recém-nascidos e crianças”, alerta o relatório.

Segundo a organização, em âmbito global e em algumas regiões, como a África subsariana, entre 2000 e 2015, o declínio da mortalidade infantil global foi duas vezes mais rápido que no período entre 2015 e 2022.

Um total de 162 milhões de crianças com menos de 5 anos morreram desde 2000, incluindo 72 milhões no primeiro mês após o nascimento. As complicações relacionadas ao parto (bebês prematuros, asfixia, anomalias congênitas, etc.) continuam sendo uma das principais causas de mortalidade infantil, com 2,3 milhões de mortes no primeiro mês de 2022.

Entre um mês e 5 anos, algumas infecções respiratórias, especialmente a pneumonia, a malária e a diarreia são as principais causas das mortes prematuras, que podem ser evitadas, sublinha o relatório.

Mas sem investimento urgente em saúde infantil, 59 países não cumprirão a meta da ONU de reduzir a mortalidade infantil para 25 mortes por 1.000 nascidos vivos até 2030, e 64 não cumprirão a meta específica de mortes no primeiro mês (12 por 1.000).

“Não são apenas números em uma página, eles representam vidas interrompidas. Se as tendências atuais continuarem, 35 milhões de crianças morrerão antes de seu quinto aniversário até 2030”, diz o relatório.

Desigualdades

O progresso também “mascara” as desigualdades em todo o mundo, com a África Subsaariana respondendo por mais da metade das mortes de crianças menores de 5 anos em 2022.

Uma criança nascida em um dos países com a maior taxa de mortalidade infantil (Chade, Níger, Nigéria, Serra Leoa, Somália, com mais de 100 mortes antes dos 5 anos de idade por 1.000 nascidos vivos) tem 80 vezes mais chances de morrer antes de completar 5 anos do que uma criança nascida em um dos países mais ricos (Estônia, Finlândia, Japão, Noruega, Singapura, San Marino, Eslovênia, Suécia, com menos de 2,5 por 1.000).

“Onde uma criança nasce não deve determinar se ela vive ou morre”, disse o chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “É essencial melhorar o acesso a serviços de saúde de qualidade para todas as mulheres e crianças, inclusive em emergências e ambientes remotos.”

(Com informações da AFP)

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