Sociedade
Morre o Major Curió, que liderou torturas da ditadura no Araguaia
Em maio de 2020, o militar foi recebido pelo presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto e posteriormente homenageado pela Secom


Morreu na madrugada desta quarta-feira 17, aos 87 anos, o sargento da reserva Sebastião Curió Rodrigues de Moura, o Major Curió, uma figura emblemática da ditadura na Amazônia. Ele foi internado em um hospital particular de Brasília, na segunda, e sofreu sepse e falência múltipla dos órgãos.
Curió comandou a repressão à Guerrilha do Araguaia, no Pará, no final da década de 1960 e início da década de 1970. Membro do Centro de Inteligência do Exército, o antigo CIE, foi um dos oficiais à frente da Casa Azul, um centro clandestino de tortura localizado em Marabá, no sudeste do estado.
Em entrevista concedida ao Estadão em 2009, Curió admitiu ter executado 41 pessoas no Araguaia.
Em maio de 2020, o Major Curió foi recebido pelo presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto e posteriormente homenageado pela Secretaria de Comunicação do governo que, em nota, o chamou de ‘herói do Brasil’. Segundo o texto, ele teria ajudado a ‘livrar o País de um dos maiores flagelos da História da Humanidade’.
O episódio fez com que a Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em São Paulo, obrigasse a pasta a dar direito de resposta a um grupo de vítimas e familiares de vítimas da ditadura militar. O tribunal concluiu que a Secom ‘ofendeu a memória e a verdade’ sobre a Guerrilha do Araguaia, movimento de resistência à ditadura militar que agiu no sudoeste do Pará nos anos 1970, até ser desmontado pelo Exército em confronto que deixou 67 mortos.
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