Sociedade

Morre Adriana Dias, pesquisadora que descobriu carta de Bolsonaro a neonazistas

Antropóloga era uma das mais reconhecidas pesquisadoras da extrema-direita e do nazismo no País; seu trabalho identificou mais de 300 células extremistas organizadas no Brasil

Morre Adriana Dias, pesquisadora que descobriu carta de Bolsonaro a neonazistas
Morre Adriana Dias, pesquisadora que descobriu carta de Bolsonaro a neonazistas
Foto: Reprodução/Redes Sociais
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A antropóloga Adriana Dias, uma das maiores referências em pesquisa sobre o neonazismo no Brasil, morreu neste domingo 29. A pesquisadora lutava contra um câncer.

Adriana era cientista social e militante dos direitos das pessoas com deficiência. Ela também colaborou, nos últimos meses, com o grupo de transição de direitos humanos do novo governo Lula.

Ao longo de sua carreira, Adriana publicou diversos trabalhos com contribuições valiosas sobre a organização da extrema-direita no Brasil. Em uma das suas contribuições mais recentes, ela descobriu uma carta de Jair Bolsonaro publicada em sites neonazistas. O texto havia sido enviado pelo então deputado em 2004. A descoberta foi publicada pelo site The Intercept Brasil.

Seu trabalho de pesquisa também identificou mais de 300 células neonazistas espalhadas pelo Brasil, que reúnem cerca de 5 mil extremistas. Em entrevista para a Deutsche Welle em 2019, ela deu o alarme para o problema.

“A sociedade brasileira está nazificando-se. As pessoas que tinham a ideia de supremacia guardada em si viram o recrudescimento da direita e agora estão podendo falar do assunto com certa tranquilidade”.

Após a notícia do falecimento da antropóloga, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania publicou nota de pesar:

“Com pesar, recebemos neste domingo (29) a notícia do falecimento da nossa companheira Adriana Dias. Colaboradora do grupo de transição do governo Lula, Adriana foi figura importante na composição da nova gestão.

Cientista, pesquisadora e doutora em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Adriana foi uma mulher com deficiência de referência para nós e nos estudos sobre neonazismo. Aguerrida ativista pelos direitos humanos, colaborou na efetiva denúncia de ações nazistas no Brasil. Feminista por ideologia, Adriana integrou a Frente Nacional de Mulheres com Deficiência. Foi também coordenadora da Associação Vida e Justiça de Apoio às Vítimas da Covid-19.

Expressamos aqui nossa homenagem em agradecimento a essa grande mulher, e enviamos nossos sentimentos à família.”

O falecimento de Adriana também repercutiu de forma significativa nas redes sociais. Pesquisadores e colegas de Adriana lamentaram a morte da antropóloga e relembraram momentos importantes da pesquisadora:

(Com informações de Brasil de Fato)

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