O Ministério Público de São Paulo estendeu a investigação contra o Google e o desenvolvedor do jogo “Simulador de Escravidão” aos usuários que baixaram o aplicativo e deixaram comentários racistas na avaliação da Play Store.
O aplicativo, desenvolvido pela Magnus Games, simulava a vida de um proprietário de escravos. Nele, o jogador teria dois caminhos: ser tirano ou libertário. Caso optasse pela tirania, o jogo oferecia opções para castigar pessoas negras durante os níveis como “agredir” e “torturar”.
O simulador, lançado em 20 de Abril, contava com mais de mil downloads e 70 avaliações, totalizando 4,0 (em uma escala até 5,0). Na aba de avaliações da Play Store, usuários “reclamavam” das poucas possibilidades de agressão. Um deles chegou a sugerir que o desenvolvedor implementasse a opção de “chibata”.
“Ótimo jogo para passar o tempo. Mas acho que faltava mais opções de tortura. Poderiam estalar[sic] a opção de açoitar o escravo também. Mas fora isso, o jogo é perfeito!”, escreveu o usuário Mateus Schizophrenic em 22 de maio.
Segundo a promotora Maria Fernanda Pinto, entrevistada pelo G1, o Ministério Pública trabalha com meios para identificar os usuários na tentativa de responsabilizá-los criminalmente. “O que chama a atenção são as pessoas que baixaram e comentaram, com aspectos muito reprováveis de um racismo escancarado e que ferem qualquer parâmetro de civilização”, destaca.
O grupo especial de Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância, o Grecadi, já havia aberto um procedimento preliminar para verificar as circunstâncias em que o aplicativo foi liberado na loja virtual do Google e quais os termos definidos pela big tech para aceitar quais conteúdos podem ser disponibilizados para download.
O Ministério Público investiga se houve ou não análise humana no processo de liberação.
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