Sociedade

MG: Professor acusado de manter diarista em condições de escravidão é afastado

Segundo investigações, Madalena Gordiano morava na casa dos patrões sem registro em carteira, salário mínimo ou descanso semanal remunerado

Madalena foi resgatada no dia 27 de novembro e agora está em um abrigo para mulheres vítimas de violência. Créditos: Reprodução/Fantático Madalena foi resgatada no dia 27 de novembro e agora está em um abrigo para mulheres vítimas de violência. Créditos: Reprodução/Fantático
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O professor universitário Dalton César Milagres Regueira foi afastado de suas funções do Centro Universitário de Patos de Minas (Unipam) após ser acusado de manter uma funcionária em condições análogas à escravidão. A decisão foi anunciada pela Fundação Educacional de Patos de Minas (Fepam), entidade mantenedora da universidade, após reportagem veiculada pelo Fantástico, no domingo 20.

As instituições afirmaram em nota emitida nesta segunda-feira 21, que medidas cabíveis e legais já estão sendo tomadas e o professor já se encontra afastado das atividades na instituição.

Segundo investigação do Ministério Público do Trabalho (MPT) e Polícia Federal, Madalena Gordiano, que trabalhou desde os 8 anos na casa da família Milagres Rigueira, em Patos de Minas, viveu por 38 anos em condições análogas à escravidão.

A diarista, que é negra e não finalizou os estudos, morava na casa dos patrões, não tinha registro em carteira, nem salário mínimo garantido ou descanso semanal remunerado. Madalena dormia em um quarto pequeno, com menos de 3 metros de comprimento por 2 de largura, e sem ventilação.

Madalena chegou à casa da mãe de Dalton, a professora Maria das Graças Milagres Rigueira para pedir comida, aos oito anos de idade. Ela se ofereceu para adotá-la, mas a adoção nunca foi consumada. Depois de 24 anos, a diarista foi trabalhar para o filho de Maria das Graças, o professor Dalton César Milagres Rigueira, onde vivia nas mesmas condições.

Ainda de acordo com o MPT, os vizinhos desconfiaram da situação depois que Madalena deixou bilhetes debaixo da porta dos moradores do prédio pedindo pequenas quantias em dinheiro para comprar kits de higiene pessoal.

A reportagem ainda apurou que Madalena chegou a se casar com o tio da esposa do professor, um ex-combatente das forças armadas, com quem nunca chegou a morar junto. O homem, que veio a falecer, teria deixado a Madalena duas pensões de aproximadamente R$ 8 mil por mês. A diarista, no entanto, afirmou receber do patrão cerca de R$ 200 a 300 por mês.

Madalena foi resgatada no dia 27 de novembro e agora está em um abrigo para mulheres vítimas de violência.

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