Sociedade
Menina de 11 anos é baleada em comunidade no Rio de Janeiro
Em apenas quatro dias, é o segundo caso de criança baleada em uma favela no Rio


Uma menina de 11 anos de idade foi baleada na tarde deste terça-feira 24 no Morro da Mineira , no Catumbi, Região Central do Rio de Janeiro. Vitória Ferreira da Costa, de 11 anos, estava com sua mãe quando foi atingida por um tiro na perna.
Segundo informou a Secretaria Municipal de Saúde, Vitória deu entrada às 16h no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, e seu estado de saúde é estável. Não há informações sobre a mãe da menina, que também foi baleada.
A assessoria de imprensa da Polícia Militar do Rio de Janeiro diz que não havia equipes da corporação na comunidade.
Esse é o segundo caso de uma criança baleada em apenas quatro dias. Ágatha Félix, de apenas 8 anos, foi morta com um tiro nas costas na noite da última sexta-feira 22, quando estava dentro de uma Kombi com o avô, na comunidade Fazendinha, no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio.
De acordo com relatos de moradores pelas redes sociais, o tiro teria sido disparado por militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), que miravam ocupantes de uma motocicleta em fuga. Em entrevistas à imprensa, familiares da menina afirmam que não havia confronto no momento do disparo.
Um projétil foi retirado da vítima no hospital. Posteriormente, fragmentos de projétil foram retirados de seu corpo com a ajuda de um scanner, no Instituto Médico Legal.
A Polícia Civil ouviu parentes da menina, o motorista da Kombi em que ela estava e outras testemunhas. Também foi realizada perícia no veículo. Ao longo da semana, os investigadores devem fazer uma reprodução do crime.
Governador culpa crime organizado
Desde que assumiu o governo do estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) tem defendido uma política de endurecimento de ações da polícia contra o crime organizado nas favelas da capital fluminense.
O governador ficou em silêncio durante três dias sobre a morte de Ágatha. Depois de uma pressão social, Witzel culpou o crime organizado pela morte da menina e defendeu a política de segurança pública do governo do Rio de Janeiro.
“Tem sido difícil ver a dor das famílias que tem seus entes queridos mortos pelo crime organizado. Eu presto minha solidariedade aos pais da menina Ágatha. Que Deus abençoe o anjo que nos deixou”, disse Witzel, em entrevista coletiva.
Ao ser questionado sobre a demora para se pronunciar depois do crime, Witzel disse que o caso se transformou em “palanque político”.
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