Política
Megaoperação contra o Comando Vermelho é a mais letal do Rio
O número de mortos é mais que o dobro do registrado na chacina do Jacarezinho, em 2021
A megaoperação policial deflagrada nesta terça-feira 28 nos complexos da Penha e do Alemão é a mais letal da história do Rio de Janeiro. Pelo menos 64 pessoas morreram – incluindo quatro policiais – e 81 foram presas.
O número de mortos é mais que o dobro do registrado na chacina do Jacarezinho, em 2021, quando 28 pessoas morreram. A terceira mais letal é uma operação no complexo da Penha em maio de 2022, com 23 mortos.
De acordo com o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos, da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF), esta é a 707ª chacina na região metropolitana do Rio desde 2007. Nesse período, houve o registro de 2.865 mortes de civis e 29 de policiais.
O Geni, que reúne informações sobre ações policiais realizadas desde 1989, considera chacina toda ação policial com mais de três mortes de civis. O levantamento não inclui as chacinas de Vigário Geral (com 21 mortos em 1993) e da Baixada Fluminense (com 29 mortos em 2005), provocadas por policiais que integravam grupos de extermínio — não eram, portanto, operações oficiais.
“Os dados nos permitem constatar que as chacinas policiais são a regra e não a exceção no estado do Rio de Janeiro”, ressaltou o grupo, em nota. “Reiteramos que esta política de segurança pública centrada em operações policiais em favelas, além de implicar em altíssimos custos para a sociedade, há décadas vem se demonstrando ineficiente no controle do crime, incapaz de proporcionar a redução das ocorrências criminais e conter o avanço do controle territorial armado.”
Segundo o governo estadual, o objetivo da ação é cumprir mandados de prisão contra integrantes da facção criminosa Comando Vermelho — 30 deles oriundos de outros estados — escondidos nos dois conjuntos de favelas.
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