Marinha afunda porta-aviões São Paulo após impasse; Ibama apontou riscos ambientais

A técnica envolveu a atuação de mergulhadores, que instalaram explosivos para provocar rasgos no casco e aumentar o fluxo de água

Foto: Divulgação/Marinha

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A Marinha afundou no fim da tarde desta sexta-feira 3 o porta-aviões desativado São Paulo, que navegava há meses depois de ser proibido de atracar no Brasil e no exterior.

“O procedimento foi conduzido com as necessárias competência técnica e segurança pela Marinha do Brasil, a fim de evitar prejuízos de ordem logística, operacional, ambiental e econômica ao Estado brasileiro”, afirmou a Força, por meio de nota.

A técnica utilizada nesta sexta envolveu a atuação de mergulhadores, que instalaram explosivos para provocar rasgos no casco e aumentar o fluxo de entrada de água no navio, até seu afundamento completo.

O argumento para realizar o afundamento é de que se nada fosse feito, o porta-aviões iria afundar de maneira descontrolada até meados de fevereiro.

Segundo a Marinha, a área para a destinação final do casco, situada em Águas Jurisdicionais Brasileiras, a 350 quilômetros da costa e com profundidade aproximada de 5 mil metros, foi selecionada com base em estudos conduzidos pela Força.

O Ibama havia divulgado, ainda nesta sexta, um comunicado em que declarava ter solicitado à Marinha informações a fim de avaliar alternativas para a proteção do meio ambiente diante da decisão de afundar a embarcação.


Segundo o órgão, oito servidores do corpo técnico apontaram possíveis impactos ambientais decorrentes do afundamento. Eis a relação:

  • a liberação de materiais poluente na estrutura poderia causar distúrbio na capacidade filtrante e dificuldade de crescimento em organismos aquáticos;
  • o impacto físico sobre o fundo do oceano provocaria a morte de espécies e deterioração de ecossistemas;
  • a emissão de gases contribuiria, a partir da corrosão das paredes, para a degradação da camada de ozônio;
  • a carcaça poderia atrair espécies invasoras prejudiciais para a biodiversidade nativa;
  • e os microplásticos e metais pesados presentes em tintas da embarcação poderiam se tornar protagonistas de bioacumulação indesejável em organismos aquáticos.

“Como agravante, todos os impactos previstos poderiam ocorrer em hotspots de biodiversidade, fundamentais para a vida marinha”, acrescentou o Ibama.

Na quinta-feira 2, o Ministério Público Federal havia acionado a Justiça Federal contra o afundamento da embarcação. Segundo o órgão, a sucata tem 9,6 toneladas de amianto, substância com potencial tóxico e cancerígeno. O casco também conta com 644 toneladas de tintas e outros materiais perigosos.

O Tribunal Regional Federal da 5ª Região, porém, negou o pedido. “Conceder a medida postulada pelo MPF provavelmente resultaria em inutilidade, dada a iminência de afundamento espontâneo do casco, o que em nada favoreceria o meio-ambiente e ainda poderia proporcionar riscos à vida e à incolumidade da tripulação envolvida na operação de reboque atualmente em curso”, sustentou o desembargador Leonardo Resende Martins.

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