Sociedade
Manifestantes vão às ruas contra a escala 6×1 no País
Em São Paulo, manifestantes criticam empresários que rechaçam proposta; no Rio, há denúncia contra caráter ‘desumano e escravocrata’ do regime


Manifestantes foram às ruas em diversas cidades do país, nesta sexta-feira 15, em atos a favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pode acabar com a escala de seis dias de trabalho por um de folga – a chamada escala 6×1.
As manifestações foram convocadas nesta semana, quando o tema ganhou força. A PEC em questão é de autoria da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), que esteve presente na Avenida Paulista, em São Paulo, e discursou em um caminhão de som. Segundo a parlamentar, o momento é propício para “exigir mudança”.
“Vamos para cima deles. Vamos cobrar, vamos exigir mudanças. Vamos exigir transformação em uma escala que não traz nenhum tipo de dignidade, respeito e qualidade de vida para a classe trabalhadora”, afirmou a deputada.
A proposta prevê o estabelecimento de uma escala de trabalho de, no máximo, 36 horas semanais no país. Formalmente, o pedido é para que o Brasil adote o modelo de quatro dias de trabalho por semana.
O Movimento Vida Além do Trabalho (VAT) é um dos organizadores das mobilizações. Segundo o movimento, quase três milhões de assinaturas a favor da mudança já foram reunidas.
Em São Paulo, um dos integrantes do VAT, Washington Soares, disse à Agência Brasil que a pauta independe de posições partidárias e ideológicas, o que facilita a sua adesão por um grupo maior de setores.
Foto: Letycia Bond/Agência Brasil
“Muita gente nem acreditava e, nessa semana, depois do sábado, começou. Todo mundo entrando em contato com os deputados. Não importa se é de direita, de esquerda, todo mundo trabalha”, argumentou Soares.
Na Paulista, o protesto começou na altura da Avenida Brigadeiro Luís Antônio e seguiu até o Museu de Arte de São Paulo (MASP), ocupando dois quarteirões. Os manifestantes protestaram contra empresários que criticam a PEC, em frente à sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que fica nas proximidades do MASP.
Na manifestação, trabalhadores submetidos à escala 6×1 falaram sobre as suas realidades de trabalho. Uma delas foi Viviane da Silva, de 38 anos, que disse à Agência Brasil que se divide entre estudar pela manhã e trabalhar à tarde. Por conta da carga exaustiva de trabalho, ela relatou que teve que começar a tomar medicação.
“Meses atrás, eu comecei a tomar medicação para depressão e ansiedade, por estar pesada a carga de trabalho com estudo e não ter a folga necessária para descanso e desempenhar as duas funções”, disse Viviane.
No Rio, os manifestantes se reuniram na Cinelândia, Centro da cidade. Centrais sindicais e movimentos sociais estiveram presentes. Com cartazes e gritos puxados pelas lideranças, eles pediam a redução das horas trabalhadas sem perda salarial.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Entre os manifestantes, estava Rick Azevedo, do VAT. Vereador eleito pelo PSOL na capital fluminense, foi o ele o responsável pela criação da petição online que recebeu quase três milhões de assinaturas.
“Eles são cínicos porque querem continuar explorando a classe trabalhadora”, denunciou o vereador eleito, em discurso em um caminhão. Ele também chamou a escala 6×1 de “desumana” e “escravocrata”.
Outras manifestações também foram registradas em cidades como Belo Horizonte, Brasília, Recife, Fortaleza, Aracaju e Curitiba. Nesta tarde há atos programados para ruas de Porto Alegre e Vitória.
(Com informações da Agência Brasil)
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