Nove estudantes da Universidade de São Paulo (USP) e dois funcionários do Sindicato dos Trabalhadores da USP (SindUSP) foram presos na manhã desta sexta-feira 14, em protesto na zona oeste de São Paulo, e acabaram sendo autuados por formação de quadrilha. Testemunhas contam que manifestantes correram de bombas de efeito moral da polícia e que, nesse momento, foram apreendidos aleatoriamente.
As onze pessoas foram encaminhadas ao 51º DP de Polícia, também na zona oeste, com a justificativa de que teriam colocado fogo em um carro no momento do ato. Depois disso, a polícia teria jogado as bombas e conseguido apreender os manifestantes.
Os estudantes e trabalhadores foram levados, no início da tarde, ao DEIC (Departamento Estadual de Investigações Criminais). Além de formação de quadrilha, eles também foram acusados de depredação do patrimônio público e de incêndio criminoso. No entanto, funcionários da Associação de Moradores do CRUSP – onde alguns dos estudantes moram – relataram que as prisões foram arbitrárias.
Segundo uma das secretárias da moradia estudantil, o grupo preso não tinha materiais que pudessem ser associados ao incêndio. “Foi um ato grande, com cerca de 300, 400 pessoas, que saiu da USP e se estendeu às vias. Em algum momento, houve uma radicalização seguida de reação da polícia. Mas os estudantes não tinham nem um isqueiro”, disse ela, que está em contato com o advogado dos estudantes.
A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP), que foi ao DEIC para conseguir mais informações, informou que o delegado responsável está dando encaminhamento à denúncia apresentada pela PM – de que os manifestantes pararam o carro, forçaram o condutor a sair e colocaram fogo no veículo depois, e questiona a falta de provas pelas indiciações feitas.
Estou agora no DEIC, pra onde foram trazidos os 11 manifestantes da USP. Não há razão alguma para a detenção. Eles devem ser imediatamente libertos e é isso que estou buscando pressionar por aqui. Manifestação legítima com repressão arbitrária, até quando? Libertem os 11 da USP!
— Sâmia Bomfim (@samiabomfim) June 14, 2019
“Não há materialidade nenhuma, não há prova”, acrescentou Bomfim. Segundo ela, a Defensoria Pública e os familiares dos presos já estavam no local no fim da tarde desta sexta. O delegado deve encaminhá-los à audiência de custódia em até 48h e ouvi-los individualmente.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou somente que o número de presos na capital era de 10 pessoas, e que elas foram detidas por incêndio e dano.
Além disso, declarou que outras 4 pessoas foram detidas em Sorocaba após depredarem um micro-ônibus e ameaçarem o motorista, mas já foram liberadas.
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