Sociedade

Mais de 3 mil crianças indígenas morreram nos últimos quatro anos

Segundo a Abraji, 72% eram bebês de até um ano; mortes evitáveis são predominantes

Mais de 3 mil crianças indígenas morreram nos últimos quatro anos
Mais de 3 mil crianças indígenas morreram nos últimos quatro anos
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Apoie Siga-nos no

De 2018 a 2021, o Ministério da Saúde contabilizou 3.126 óbitos de crianças indígenas de até cinco anos de idade, e 72% delas eram bebês com menos de um ano. A informação foi divulgada nesta quarta-feira 19 pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, a Abraji, em parceria com a organização Transparência Brasil, a agência Fiquem Sabendo e a Fundação Ford.

Os números foram extraídos por meio da Lei de Acesso à Informação e se referem apenas às aldeias localizadas em territórios demarcados. De acordo com a Secretaria Especial de Saúde Indígena, órgão do Ministério da Saúde, os registros dos dados no sistema podem demorar até dois anos.

Entre as principais causas dos óbitos, estiveram doenças respiratórias, sobretudo a pneumonia não especificada, a diarreia e a gastroenterite de origem infecciosa. Outro motivo que recebe destaque é a “morte sem assistência”, ou seja, aquela que se dá devido à condição de ocorrência, às escalas dos profissionais de saúde e à dificuldade de fixação de médicos nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas, os DSEI.

Em 2021, a pneumonia não especificada foi a principal causa de mortes e provocou 31 óbitos; a falta de assistência médica, 29. Na sequência, aparecem diarreia e gastroenterite de origem infecciosa, desnutrição proteico-calórica grave e infecção por coronavírus.

As mortes se concentram em estados que fazem parte da Amazônia Legal, e lideram o ranking Amazonas, Roraima e Mato Grosso. As principais causas dos óbitos se enquadram em um conjunto de mortes evitáveis, pois o acesso ao serviço de atenção primária à saúde poderia reduzi-las, segundo avaliação da pesquisadora Ana Lúcia Pontes, da Fundação Oswaldo Cruz, relatada pela publicação da Abraji.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo