Sociedade

Maioria da população defende o direito ao aborto em casos específicos, aponta pesquisa

Um levantamento da ONG Católicas pelo Direito de Decidir ainda mostra apoio à educação sexual nas escolas

Grupo Católicas pelo Direito de Decidir defende o direito ao aborto. Foto: Reprodução
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Uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira 22 indica que 67% dos brasileiros são favoráveis ao direito legal ao aborto em situações específicas. A maior parte concorda com a realização do procedimento em casos em que a vida da mulher corre perigo (87%), quando a saúde da mulher corre perigo (85%) e quando a gravidez é resultado de estupro (83%).

O percentual daqueles que argumentam que o aborto deve ser permitido em todos os casos supera o índice dos que afirmam que a prática deve ser proibida em quaisquer circunstâncias  – 19% e 14%, respectivamente.

Também há uma percepção da maioria (85%) de que se o aborto deixasse de ser criminalizado, menos mulheres morreriam por procedimentos clandestinos. Mais da metade (51%) ainda considera que um profissional de saúde que tenha fé religiosa deve realizar um aborto, independentemente de suas crenças.

Mais de 8 em cada 10 entrevistados acreditam que uma mulher que fez um aborto ainda pode ser uma boa praticante de sua fé.

Os dados são de uma pesquisa realizada pela ONG Católicas pelo Direito de Decidir, que mediu a opinião de 1.000 entrevistados em temas como religião, aborto, política e sexualidade. O levantamento abrangeu a população com mais de 18 anos de todas as classes sociais, faixas etárias, gêneros e regiões do País. A coleta de dados foi desenvolvida entre março e abril de 2021. A margem de erro informada é de 3,1%.

Para a historiadora Gisele Pereira, uma das coordenadoras da ONG, os dados evidenciam que a população brasileira, ainda que participe de alguma religião, desenvolveu uma postura mais aberta sobre esses assuntos.

“O direito ao aborto tem sido profundamente atacado por grupos e líderes religiosos conservadores, muitos deles inseridos nos mais variados espaços de poder”, afirma. “Essa visão retrógrada parece não seguir os anseios da população brasileira, que majoritariamente apoia a realização da interrupção voluntária da gravidez, ao menos em casos específicos, como em estupros e em risco de vida para a pessoa gestante.”

Política e religião

A pesquisa também procurou identificar como a religião incide sobre a percepção política dos entrevistados. 48% se manifestaram contra a obrigação moral de um parlamentar católico ou evangélico votar contra o aborto, enquanto 39,5% acreditam que esse deveria ser um imperativo.

Questionados se uma pessoa que acredita em Deus deve votar em candidatos que se opõem ao aborto, 57% discordaram da afirmação e 32% se mostraram favoráveis.

Maioria também apoia educação sexual nas escolas

Ainda que o tema tenha cada vez mais encontrado obstáculos por parte de alas religiosas e conservadoras, a maioria da população – 7 entre 10 – apoia o tema no ambiente escolar. Entre os 71% que responderam ‘concordo’, há os que confessam crença em Deus (69%) e ainda um montante (66%) que considera a religião muito importante em suas vidas. 72% dos que se identificam como católicos defendem a educação sexual nas escolas, índice que vai a 58% entre os evangélicos e a 83% entre os que não têm filiação religiosa.

55% dos entrevistados ainda avaliam que o ensino da educação sexual é um direito que as crianças têm e que a escola deve garantir. 38% dizem que é uma função exclusiva de pais e mães. Para 6%, meninos e meninas não devem receber educação sexual nas escolas.

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