Sociedade
Mãe se revolta com lixo no caixão do filho que morreu após hospitais negarem atendimento
Vitor de Oliveira morreu em 7 de janeiro, em frente ao Hospital Geral de Taipas, enquanto aguardava uma maca especial para pessoas obesas


A mãe do jovem Vitor Augusto Marcos de Oliveira, que morreu após ter atendimento negligenciado em hospitais de São Paulo, se revoltou após descobrir que o caixão do filho foi preenchido com pó de serra aparente, caixotes de madeira e folhas de jornal para nivelar o corpo na estrutura.
“Eu não tinha descoberto essa fraude. Brincaram de novo com o peso do meu filho. Mais uma vez, gordofobia. Meu filho estava em cima do lixo”, declarou Andreia da Silva ao G1.
Segundo a reportagem, a Cooperativa de Trabalhadores dos Agentes Funerários de São Paul0 era a responsável pela preparação do corpo do jovem e pela urna funerária. Uma representante disse que o nivelamento de corpos com papéis e a utilização de pó de serra são práticas habituais na área da tanatopraxia. Ao ser questionada sobre a presença dos caixotes de madeira, no entanto, encerrou a ligação.
A conduta descrita pela atendente é rechaçada pelo presidente da Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário, Lourival Panhozzi, para quem os protocolos ‘estão absolutamente fora dos padrões estabelecidos’.
“Primeiro: uma urna do tamanho adequado deveria ter sido usada. Colocaram uma de tamanho superior à necessidade. Segundo: o preenchimento do fundo da urna, quando necessário, jamais pode ser feito com restos de materiais. O corpo foi apresentado à família de maneira inadequada”, disse Panhozzi ao G1.
Créditos: Reprodução
A Secretaria de Segurança Pública informou que as imagens do caixão preenchido com os materiais estão sob análise.
Vitor morreu em 7 de janeiro, em frente ao Hospital Geral de Taipas, na zona norte de São Paulo, enquanto aguardava uma maca especial para pessoas obesas. O jovem tentou atendimento em pelo menos seis unidades de saúde da cidade.
Na segunda-feira 9, o Ministério Público de São Paulo abriu uma investigação contra as secretarias municipal e estadual de Saúde para apurar a morte de Vitor.
O promotor de Justiça Arthur Pinto Filho estabeleceu o prazo de cinco dias para os envolvidos apresentarem recurso ao Conselho Superior do Ministério Público e de dez dias para responderem a alguns questionamentos, entre eles as razões pelas quais o paciente foi mantido inadequadamente em uma ambulância até morrer.
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