Sociedade

Lucro empresarial mundial cresce 14 vezes mais do que o salário de trabalhadores, aponta a Oxfam

O relatório mostra ainda que os lucros totais das empresas devem ultrapassar o recorde histórico de US$ 1,66 trilhão

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Um estudo apresentado pela Oxfam neste Dia do Trabalhador, 1º de maio, aponta que o lucro de diretores de empresas e acionistas no mundo aumentou 45% nos últimos três anos, alcançando o total de 195 bilhões de dólares

Em 2022, o valor dos dividendos era de 33,8 bilhões de dólares e no ano de 2021 estava em 27,3 bilhões.

Em contrapartida, apesar de representarem 81% do PIB global, trabalhadores de 31 países viram seus salários aumentarem em apenas 3% no mesmo período. 

O que significa dizer que os pagamentos totais de lucros cresceram 14 vezes mais do que a remuneração aos trabalhadores desde 2020, de acordo com a pesquisa. 

Ajustados pela inflação, os números são baseados em dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e agências governamentais de estatísticas.

A Oxfam, por sua vez, é uma organização independente sem fins lucrativos com atuação no país desde 2014. 

Desigualdade para 99%

O aumento significativo dos dividendos dos acionistas pode repercutir ainda, em um novo recorde, segundo a entidade. 

Com base no Janus Henderson Global Dividend Index — índice que analisa as 1.200 maiores empresas do mundo—, os lucros totais das empresas podem ultrapassar a quantia de 1,66 trilhão de dólares alcançados no ano passado.

De acordo com o levantamento, a expansão é justificada diante do reajuste pela inflação global  — que apesar de estar em queda, ainda tem patamares de juros elevados —, o que resultou no crescimento do pagamento aos diretores e a quase estagnação do aumento salarial aos trabalhadores. 

A única exceção aconteceu na China, onde ocorreu a maior parte do crescimento salarial. 

O diretor-executivo interino da Oxfam International, Amitabh Behar, chama a atenção para a inação de governos na perpetuação da desigualdade de renda.

“Nenhuma empresa deveria estar pagando aos acionistas ricos a menos que esteja remunerando todos os seus trabalhadores com um salário digno”, ressalta. “Os governos devem limitar os pagamentos aos acionistas, apoiar os sindicatos e estabelecer leis que garantam salários dignos. Deveríamos estar recompensando o trabalho, não a riqueza“.

Os números do estudo apontam ainda que aproximadamente 1 em cada 5 trabalhadores no mundo ganha um salário abaixo da linha de pobreza, cerca de 3,65 dólares.

“Os super-ricos não ganham suas mega-fortunas ‘trabalhando’ – eles tiram esse dinheiro das pessoas que trabalham”, conclui Behar.  

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