Sociedade

Longe de Lula, mas também de Bolsonaro: pesquisa traça perfil do eleitorado ‘indeciso’

Grupo, que representa 39% do eleitorado brasileiro, já votou em Lula e em Bolsonaro e não se apresenta de maneira homogênea nos valores e costumes

Fotos: Ricardo Stuckert e Evaristo Sá/AFP
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Uma pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo buscou evidenciar qual a formação, valores, visões de mundo e cultura política de parte dos cidadãos que mantem um posicionamento político não-polarizado frente ao cenário eleitoral.

Os pesquisadores buscaram traçar os perfis de parcelas da população de baixa e média renda, que não gosta nem desgosta do PT e que, por vezes, são mal interpretados como “eleitores indecisos” ou com baixo conhecimento/interesse pela política.

Muitos desses cidadãos, que correspondem hoje a 39% do eleitorado, votaram em Lula e em Bolsonaro, mas hoje se encontram distantes do lulismo e do bolsonarismo. O grupo também não se comporta de maneira homogênea em um futuro eleitoral.

A maioria está propensa a escolher entre os candidatos na disputa eleitoral, enquanto uma parcela está disposta a votar branco/nulo. Sérgio Moro é visto como “via alternativa” entre entusiastas da Operação Lava Jato (alguns dos quais, bolsonaristas arrependidos), mas caiu em descrédito para uma parcela do eleitorado pelo modo parcial como conduziu as investigações e por ter usado seu cargo de juiz para ganhar projeção política.

Os pesquisadores também identificaram que a narrativa da corrupção ainda é um elemento que leva a certa rejeição a Lula e adesão a Bolsonaro.

Apesar do sentimento antipetista ter se mostrado menor em relação a pesquisas de anos anteriores, ele ainda existe e se sustenta em campanhas que associam o partido a práticas de corrupção. Bolsonaro, por sua vez, beneficia-se da inexistência de um processo jurídico formal (com ampla repercussão midiática, julgamentos e prisões, como ocorreu com a Operação Lava Jato) e, por isso, mantém sua imagem relativamente inatingida mesmo diante de suspeitas”, grafam os estudiosos em um dos trechos da conclusão da pesquisa.

Também ficou evidente de que os eleitores desejam a continuidade de um projeto de governo comprometido com pautas sociais e políticas públicas, tal qual o do PT, mas que ainda demonstra insegurança em relação ao partido pelas denúncias de corrupção. Nessa esfera, no entanto, Bolsonaro não aparece como uma via alternativa, “dado seu reconhecido despreparo e insensibilidade para lidar com as necessidades da população’, grafam os condutores da pesquisa.

A pesquisa também evidenciou que o grupo não se comporta de maneira homogênea. No campo dos costumes, por exemplo, coexistem em um mesmo indivíduo posicionamentos ora identificados como “progressistas”, ora como “conservadores”. O estudo ainda grafa que esse eleitorado apresenta uma visão marcadamente visão marcadamente punitivista. “Direitos não seguem a lógica da universalidade, mas do merecimento: aos “bandidos” repressão rigorosa; aos praticantes de pequenos delitos, punições mais brandas; ao trabalhadores e “cidadãos de bem”, proteção e segurança policial”, destacam os pesquisadores.

Já entre os alinhamentos ideológicos, jovens tendem a se alinhar mais a valores progressistas nos costumes e mulheres, a valores coletivos e solidários. Essa combinação, grafam os atores, pode explicar a menor aderência a Bolsonaro nesses grupos, tendência observada em diversas pesquisas. Homens brancos de maior renda, por sua vez, alinham-se mais a valores conservadores.

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