Sociedade
Loja vende camiseta com foto de policial que matou sequestrador no Rio
O dono da marca é apoiador de Bolsonaro e diz que a ideia surgiu de um ‘estalo de criatividade’


Uma loja chamada L Nunes, que fica em São José dos Campos, interior de São Paulo, colocou à venda uma camiseta estampada com uma foto de um dos policiais que atuou no sequestro do ônibus na Ponte Rio-Niterói, na última terça-feira 20. Após mais de quatro horas de negociação, um dos atiradores de elite atirou e matou o sequestrador.
Logo em seguida, o atirador comemorou levantando a arma para cima e a cena foi registrada pelo fotógrafo Fabiano Rocha, do Extra e O Globo. A imagem foi compartilhada no Twitter pelo próprio presidente da República, Jair Bolsonaro.
Em seguida, o dono da marca, o empresário Lucas Nunes, pegou a imagem – com a autorização do fotógrafo, segundo ele – e estampou em camisetas. Vinte e quatro horas após o ocorrido, a peça já estava sendo vendida em seu site com os dizeres “Grande dia”, referência à frase repetida por Bolsonaro em suas redes sociais para “exaltar” algum acontecimento, como quando seu adversário político Jean Wyllys deixou o Brasil.
A camiseta está à venda no site por um preço promocional: de 89,90 por 49,90.
Reprodução do site da loja L.Nunes
Nunes é sócio e diretor criativo da marca. Segundo ele, a ideia de fazer a camiseta foi um “estalo de criatividade” da marca, que viu no ocorrido uma oportunidade de venda. Quando questionado sobre a quantidade de camisetas vendidas, o empresário disse que a informação era responsabilidade de outro setor, mas ao jornal Extra ele contou que, em três horas, a marca vendeu pelo menos 500 peças.
O empresário conta que sua loja é pró-Bolsonaro e que fez campanha para o pesselista. Nas eleições, o site chegou a vender camisetas com a estampa do rosto de Jair Bolsonaro.
“Temos uma cultura capitalista dentro da empresa. Somos pró-Bolsonaro. Não temos político de estimação, mas acreditamos em uma sociedade livre”, afirmou Nunes.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Segurança do Rio é baseada em ‘contagem de cadáveres’, diz pesquisador
Por Giovanna Galvani
A inumanidade ultrajante do governador saltitante e seus apoiadores
Por Magali Cunha
Arrependidos que ajudaram a colocar Bolsonaro no poder não merecem perdão
Por Esther Solano