Sociedade
Judith Butler é agredida ao embarcar no aeroporto de Congonhas
Mulher também proferiu insultos racistas contra a atriz e MC Danieli Lima, que interveio ao testemunhar a violência
A filósofa Judith Butler, 61 anos, foi agredida ao embarcar no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, na manhã desta sexta-feira 10. Segundo relatos de testemunhas, a escritora estava na área de check-in quando foi perseguida por uma mulher que segurava um cartaz com a foto desfigurada de Butler e gritava repetidos xingamentos, além de empurrar o cartaz feito de madeira e cartolina na direção da filósofa e de sua esposa, a cientista política Wendy Brown.
Leia também: Judith Butler:
“O ataque ao gênero emerge do medo das mudanças”
Sobre gênero, Judith Butler, aborto e tudo isso que está aí
A mesma mulher que hostilizou as duas também proferiu insultos racistas à atriz/MC Danieli Lima, 30 anos, que tentou intervir ao perceber a violência contra a filósofa.
“Vi a Judith Butler passando e uma senhora atrás com uma placa na mão chamando de pedófila, nojenta, que não era bem vinda no Brasil. Ela estava muito exaltada, uma agressividade muito grande, xingava em inglês e português e empurrava ela com o cartaz”, explicou ela, que estava embarcando para o Rio de Janeiro.
“Eu fui atrás e falei que ela não poderia fazer isso, que ela precisava respeitar as pessoas”, conta ela, cujo nome artístico é Dani Nega.
Em seguida, a mulher virou-se para Danieli, abriu os braços e começou a gritar:
“Quem é você? Você é feia, feia, olha o seu cabelo, olha a sua cor, vai pentear o cabelo, você é feia!”, relatou a testemunha, que registrou boletim de ocorrência na delegacia no próprio aeroporto por racismo.
Segundo ela, a agressão durou cerca de 10 minutos e ocorreu por volta das 9h40. “Ela estava muito exaltada, foi uma das coisas mais desumanas que eu já vi. Falei que racismo era crime, ela tentou ir embora, mas o delegado a conduziu para a delegacia”, afirma Danieli, que escreveu também sobre o caso nas redes sociais.
O episódio foi confirmado pela Infraero, que afirmou que houve registros de gritos em Congonhas e que a segurança “agiu para garantir o embarque da escritora”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.
Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.