Sociedade

Jornalista brasileiro que denunciava tráfico de drogas é executado no Paraguai

Dono do site Porã News, Léo Veras denunciava a guerra travada entre facções criminosas na fronteira entre Brasil e Paraguai

O jornalista Léo Veras foi assassinado na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero. Crédito: Reprodução Facebook
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O jornalista brasileiro Léo Veras foi assassinado com doze tiros na noite da quarta-feira 13, na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, que faz fronteira com Ponta Porã, cidade sul-mato-grossense a 342 km de Campo Grande. Segundo informações da Polícia Nacional do Paraguai, o jornalista foi executado com cerca de 12 tiros de pistola 9 milímetros. Ele estaria jantando com a família no quintal de casa quando foi surpreendido, por volta das 21h, por dois pistoleiros encapuzados.

Os atiradores teriam dois chegado  em uma caminhonete branca, entraram pelo portão que estava aberto e invadiram a residência. Um dos disparos acertou a cabeça de Léo no momento em que ele tentou correr dos assassinos. O jornalista chegou a ser socorrido e encaminhado para um hospital particular da cidade paraguaia, mas não resistiu.

O jornalista era o dono do site Porã News  que produzia notícias da região da fronteira em português e espanhol. Frequentemente ele noticiava situações relacionadas ao tráfico de drogas.

Em janeiro, Léo Veras cedeu entrevista a uma reportagem do programa Repórter Record, da TV Record, sobre a guerra travada entre facções criminosas pelo controle do tráfico de drogas na fronteira entre Brasil e Paraguai e também sobre casos de corrupção envolvendo instituições brasileiras e paraguaias. Na ocasião, o jornalista revelou que vinha sofrendo ameaças via mensagens no celular. “Diziam que alguém ia sofrer um atentado e que era pra fechar a boca”, revelou à reportagem.

A reportagem coloca que a situação na cidade de Ponta Porã é tão perigosa para trabalhar que até mesmo a sede do Ministério Público Federal foi transferida da região para a cidade de Dourados, a 120 km de Ponta Porã.

O computador e o celular do jornalista devem passar por perícia. A casa de Léo Veras possuía câmeras de segurança, mas não estavam funcionando no momento do ataque.

O Ministério Público do Paraguai designou, na madrugada de quinta-feira (13), uma equipe de promotores para acompanhar o caso. Questionado sobre se já se sabe sobre eventual fuga dos assassinos para o Brasil, o promotor informou não descartar a hipótese, mas que não há precisão a respeito.

O Sindicato dos Jornalistas do Mato Grosso do Sul soltou uma nota de pesar pela morte do jornalista e chamou o ocorrido de “atentado à vida e à democarcia”. “Mais uma vítima dos ataques contra os trabalhadores da comunicação, nestes tristes tempos de cerceamento da liberdade de expressão, Leo Veras merece mais do que condolências. O Sindjor-MS, entidade que representa os e as jornalistas profissionais deste estado, exige severa investigação por parte das autoridades sul-mato-grossenses e brasileiras, para que seja punido esse atentado à vida e à democracia”.

Em um outro vídeo da Abraji, o jornalista fala sobre a possibilidade de sua morte por pistoleiros e pede não seja motivada por muitos disparos.

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