O jornal Le Figaro desta sexta-feira 8, traz uma matéria sobre o povo indígena Piripkura, no Centro-Oeste do Brasil.
“O Brasil diminui a demarcação de terras indígenas” é manchete no diário francês, que conversou com dois representantes do povo Piripkura, castigado por massacres e doenças nos anos 1980. Le Figaro destaca que a etnia continua a viver da caça, pesca, quase sem contato com o mundo moderno, tentando proteger a terra que lhes pertence e escapar das incursões dos fazendeiros do norte do estado do Mato Grosso.
O processo de demarcação das terras dos Piripkuras foi aberto em 2008, visando proibir qualquer atividade econômica neste território de cerca de 24 mil hectares. Le Figaro indica que essa é apenas uma entre as 230 requisições analisadas hoje pela Fundação Nacional do Índio (Funai).
No entanto, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, prometeu durante sua campanha que “nenhum centímetro a mais de terra seria concedido aos indígenas durante seu governo”, lembra o jornal. Não por acaso nenhuma nova demarcação foi aprovada desde que ele chegou ao poder, em janeiro de 2019.
Situação piora na Funai
Le Figaro entrevistou o procurador da República Ricardo Pael Ardenghi, responsável pelo dossiê dos Piripkuras, que afirma que a situação piorou na Funai desde a chegada de novos dirigentes. Em 2020, Bolsonaro chegou a nomear um pastor evangélico, Ricardo Lopes Dias, para dirigir a instituição, sendo demitido meses depois, por pressão da oposição. No entanto, Ardenghi diz ao jornal que a gestão atual continua agindo contra o interesse dos indígenas.
Os defensores da causa insistem que a proteção dos povos nativos é primordial para a conservação das florestas brasileiras, um trabalho insuficiente diante da pressão econômica, afirma a matéria. Mesmo que o desmatamento seja cinco vezes maior em terras não demarcadas, os indígenas continuam à mercê dos interesses econômicos.
O território dos Piripkuras, por exemplo, foi incluído pelo governo Bolsonaro em um mapa destinado a promover o potencial dos minérios do Brasil, “atiçando a ganância dos exploradores”, conclui o jornal Le Figaro.
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