Sociedade
Investigação da PF revela que CACs treinaram integrantes do PCC para manuseio de fuzis
O treinamento tem relação com os ataques dos grupos conhecidos como ‘novo cangaço’ e que disputam o controle de cidades


Uma investigação da Polícia Federal (PF), em conjunto com o Ministério Público de São Paulo, revelou que Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores (CACs) treinaram integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) para o uso de armas com alto poder de letalidade. Segundo os investigadores, o treinamento tem relação com os ataques dos grupos conhecidos como ‘novo cangaço’ e que disputam o controle de cidades.
Um vídeo obtido pela investigação mostra o momento em que um CAC treina integrantes do PCC a utilizarem um fuzil. Segundo o site G1, que teve acesso à gravação, o CAC é Otávio de Magalhães. Já os os integrantes do PCC são Elaine Garcia e seu companheiro, Delvane Lacerda, vulgo Pantera. De acordo com os investigadores responsáveis pelo caso, Otávio responde por porte irregular de arma de uso restrito e tinha a função de comprar e vender de maneira ilegal o armamento e a munição usada pela facção criminosa.
Em nota, a PF informou que foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão domiciliar e três mandados de prisão preventiva em São Paulo e em Buri (SP).
Os investigadores relataram que na casa de Otávio Magalhães foi encontrado “verdadeiro arsenal bélico, como dezenas de armas de fogo com e sem registro, milhares de munições, acessórios, pólvora, artefatos explosivos de fabricação caseira e acionador”. Segundo a PF, esses objetos são “comumente empregados na prática de roubos na modalidade ‘domínio de cidade’”.
A operação, que foi deflagrada na manhã da terça-feira 10, é a segunda fase da Operação Baal que tem o objetivo de cumprir buscas e prisões relacionadas à integrantes de uma organização criminosa voltada à prática de roubos nas modalidades “domínio de cidade” e “novo cangaço”.
“Tais ações constituem uma forma de conflito não convencional e proveniente da evolução de crimes violentos contra o patrimônio, no qual grupos criminosos impedem a ação do poder público por meio do planejamento e execução de roubos que causam um verdadeiro terror social”, afirmou a PF.
A investigação teve início a partir de informações provenientes da tentativa de roubo a uma base de valores em abril de 2023, na cidade de Confresa (MT), quando vários criminosos foram presos ou mortos no confronto com as forças de segurança, sendo que um deles residia em São Paulo e integrava o PCC.
A primeira fase da operação, em maio deste ano, permitiu o Ministério Público do Estado de São Paulo reunir elementos para denunciar dezoito pessoas. Os alvos se tornaram réus após a Justiça paulista acolher as denúncias e, caso condenados, deverão arcar com uma multa de 5 milhões de reais a título de indenização por danos morais à coletividade.
A Justiça também decretou a prisão preventiva de mais três investigados, entre eles um integrante da facção criminosa que permaneceu foragido de 2005 até 2024, quando acabou preso em outra investigação capitaneada pelo GAECO de Campinas (SP). Na ocasião, foram apreendidas armas de fogo, acessórios, munições, roupas camufladas e outros objetos comumente utilizados na prática de crimes ultraviolentos.
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