Interrogado na cadeia, João de Deus tenta evitar nova denúncia do MP

Médium prestou o segundo depoimento aos procuradores, que preparam uma nova denúncia contra ele relacionada aos casos de Abadiânia

João de Deus: mais de 300 denúncias de abuso contra mulheres (Foto: Divulgação)

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Preso preventivamente há quase um mês, o médium João de Deus foi ouvido mais uma vez pela força-tarefa do Ministério Público de Goiás na tarde desta segunda-feira 14. A oitiva aconteceu em uma sala do Núcleo de Custódia de Aparecida de Goiânia, o presídio onde ele está detido.

João de Deus é réu por violação sexual mediante fraude e de estupro de vulnerável, resultado das denúncias de quatro crimes sexuais investigados pelos promotores e pela Polícia Civil. As denúncias têm em comum o uso de sessões religiosas para cometer os abusos. Ele nega todas as acusações.

Esse segundo interrogatório do MP é uma das etapas finais antes da sentença. O rito inclui o depoimento de vítimas e testemunhas. Já foram ouvidas pelo MP as ativistas Maria do Carmo e Sabrina Bittencourt, responsáveis por coletar as primeiras denúncias que trouxeram o caso à tona.

Os procuradores querem colher informações para concluir uma outra denúncia contra o médium, também relacionada às denúncias de abuso em seu ‘hospital espiritual’. Foram coletados formalmente mais de 80 depoimentos em Goiânia e outros estados.

Das mais de 600 mensagens que a força-tarefa recebeu sobre o caso, cerca de 330 são relatos de potenciais vítimas do médium. Há ainda uma outra denúncia de posse ilegal de armas, ainda não apresentada pelo MP.

Habeas corpus postergado

Por “questões estratégicas”, a defesa desistiu do habeas corpus apresentado ao STF há pouco mais de vinte dias. Como o pedido ficou parado no Supremo, o plano é aguardar a conclusão de um habeas corpus no Tribunal de Justiça de Goiânia (TJ-GO) e então fazer o pedido diretamente ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ), com base nas conclusões desse julgamento.


“A expectativa é que amanhã deve terminar o julgamento do habeas corpus [no TJ-GO]. Nessa semana ainda entraremos com o novo pedido no STJ”, diz o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Ele foi escalado exclusivamente para tratar da liberdade do médium. As questões penais estão a cargo do advogado Alberto Toron.

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