Sociedade

Indigenista da Funai e jornalista inglês desaparecem no Vale do Javari, na Amazônia

Na semana do desaparecimento, segundo relatos, a equipe que acompanha os dois recebeu ameaças em campo

O Indigenista Bruno Araújo e o jornalista Dom Phillips. Foto: Daniel Marenco | Reprodução
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O indigenista Bruno Araújo Pereira, servidor da Funai, e o jornalista inglês Dom Philips, colaborador do jornal The Guardian estão desaparecidos há mais de 24 horas na Amazônia.

Bruno e Dom faziam, de barco, um trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael até a cidade de Atalaia do Norte, no Amazonas. Ambos deveriam ter chegado a Atalaia do Norte na manhã de domingo 5, o que não ocorreu.

Ainda no domingo, segundo informações da União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), indígenas conhecedores da região fizeram duas buscas no trecho que ambos percorreram, mas não encontraram vestígios dos dois. A Capitania Fluvial de Tabatinga deve executar novas buscas na tarde desta segunda 6.

Ainda segundo a Univaja, a visita de ambos à comunidade São Rafael estava previamente agendada, pois Bruno Pereira faria uma reunião com o líder comunitário do local, conhecido como “Churrasco”. Com base em relatos trocados via satélite, ambos teriam chegado a São Rafael por volta das 6 da manhã do domingo e conversaram brevemente com a esposa de “Churrasco”, partindo em seguida rumo a Atalaia do Norte.

O trajeto dura cerca de duas horas. A embarcação na qual ambos viajavam era nova, destacou a Univaja. Tinha 70 litros de gasolina, suficientes para a viagem, além de sete tambores vazios de combustível.

A comunidade de São Rafael fica fora da Terra Indígena do Vale do Javari e é alvo recorrente da ação de garimpeiros e do narcotráfico. Na semana do desaparecimento, conforme relatam colaboradores da Univaja, a equipe que acompanha os dois recebeu ameaças em campo.

Servidor concursado da Funai e especialista em tribos isoladas, Bruno Araújo Pereira foi, durante anos, coordenador regional da fundação de Atalaia do Norte. Em 2019, sob a pressão de ruralistas, ele foi exonerado da coordenadoria-geral de Índios Isolados e de Recém Contatados da Funai.

Dom Phillips, que está trabalhando em um livro sobre a conservação da Amazônia, mora em Salvador e há mais de 15 anos escreve sobre o Brasil para veículos estrangeiros como Guardian, Washington Post, New York TimesFinancial Times.

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