Sociedade

Indigenista amigo de Bruno teve morte encomendada, afirma dossiê

Segundo o documento, a morte do indigenista foi encomendada por causa de prejuízos causados pelo combate ao mercado ilegal de pescados e caça

Foto: Reprodução/TV Globo
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Um ano antes do assassinato do indigenista Bruno Pereira, a Polícia Federal recebeu um dossiê que aponta como crime de mando uma outra morte violenta na região do Vale do Javari (AM). O também indigenista Maxciel Pereira dos Santos foi assassinado em 2019 e uma investigação paralela de sua família concluiu que sua morte foi encomendada.

Ele e Bruno eram parceiros no combate à exploração ilegal na terra indígena.

Familiares de Maxciel afirmam no documento que a morte dele numa emboscada, em setembro de 2019, foi encomendada pela rede criminosa de narcotraficantes, pescadores ilegais e garimpeiros que atua na região da fronteira com a Colômbia e o Peru.

Quase três anos após o assassinato de Maxciel, a Polícia Civil do Amazonas e a PF não apresentaram uma explicação sobre motivos ou autoria do atentado.

Para familiares, o mesmo grupo que o matou pode estar por trás dos assassinatos de Bruno e do jornalista britânico Dom Phillips no último dia 5, em Atalaia do Norte, no extremo oeste do Amazonas. Um irmão de Maxciel que pediu para não ser identificado afirmou que, se a morte do indigenista tivesse sido esclarecida, Bruno e Dom estariam vivos.

Maxciel, de 35 anos, seguia de moto com a mulher e a enteada pela principal avenida de Tabatinga (AM), na fronteira com a Colômbia, quando foi atingido por dois tiros.

Ele prestava serviço à Fundação Nacional do Índio (Funai), fiscalizava invasões no território indígena do Vale do Javari e tinha a confiança de Bruno. Chegou a ser o chefe de serviços da coordenação regional da Funai no Javari.

‘Colômbia’

Familiares refizeram trajetos de Maxciel em busca de informações. A pesquisa resultou em relatório segundo o qual a morte foi encomendada por causa de prejuízos causados com apreensões e combate ao mercado ilegal de pescados e caça no Javari.

A família entregou à PF gravações, valores supostamente pagos a executores e nomes de testemunhas dispostas a prestar depoimento. As suspeitas giravam em torno de Rubens Villar, o “Colômbia”, um peruano com dupla nacionalidade que exerceria forte influência na região do Alto Solimões. Procuradas, a PF e a polícia de Tabatinga não quiseram comentar o caso de Maxciel.

O nome de Colômbia reapareceu nas apurações sobre as mortes de Bruno e Dom; a polícia o procura. Investigadores e ribeirinhos ouvidos pelo pelo jornal O Estado de S. Paulo disseram que o pescador Amarildo Oliveira, o Pelado, seria um braço de Colômbia nas comunidades. Pelado assumiu a autoria dos assassinatos de Bruno e Dom, mas negou trabalhar para traficantes ou atravessadores.

A PF informou em nota na sexta-feira que os assassinatos de Bruno e do jornalista não foram encomendados. Após críticas pela agilidade da conclusão, mudou de posição e disse que segue investigando. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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