Indígenas guajajara são assassinados no Maranhão; polícia suspeita de envolvimento de madeireiros

O estado, que concentra a maior população guajajara no País, tem sido palco de conflitos letais e assassinatos; caso ocorrido na Bahia também é investigado

Indígenas Guajajara são assassinados no Maranhão. Foto: arquivo pessoal/ redes sociais

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Dois indígenas da etnia Guajajara foram assassinados na madrugada de sábado 03, na Terra Indígena Arariboia (MA). Polícia Civil investiga se as mortes têm relação com recentes conflitos envolvendo madeireiros na região.

Janildo Oliveira Guajajara foi morto com múltiplos disparos pelas costas, em Amarante do Maranhão. Na mesma madrugada, no município de Arame, Jael Carlos Miranda Guajajara, de 34 anos, morreu após ser atropelado.

Segundo o delegado César Veloso, ouvido pelo G1, Janildo Oliveira estava voltando de uma festa quando foi surpreendido. “Ele estava com o sobrinho, menor de idade, que também foi atingido pelos disparos. Ele [o sobrinho] foi internado, mas já recebeu alta”, relatou o delegado.

O jovem era integrante do grupo conhecido como Guardiões da Floresta, patrulha criada pelos próprios Guajajara para proteger seu território contra madeireiros, o que reforça a suspeita de envolvimento no caso.

Já em Arame, Jael foi encontrado junto de sua moto por moradores, após ter sido atropelado. Os primeiros indícios da perícia, entretanto, apontam que a morte não aconteceu em decorrência de um acidente.

Ambos os casos estão sendo investigados como homicídios dolosos – quando há intenção de matar – pela Polícia Civil, e devem ser repassados à Polícia Federal, por envolverem a morte de dois indígenas nos arredores de um território homologado.


Nos últimos 10 anos, o estado do Maranhão, que concentra a maior população Guajajara no País, tem sido palco de conflitos letais e assassinatos de indígenas. Dos 35 assassinatos registrados no período, a maioria aconteceu na TI de Arariboia.

Adolescente Pataxó é morto na Bahia

Na madrugada de domingo 4, Gustavo Conceição da Silva, indígena Pataxó de 14 anos, foi morto a tiros em uma fazenda na cidade de Prado, no extremo sul da Bahia. Segundo a polícia, não há informações sobre a autoria ou motivação do crime.

Segundo denúncia da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), a morte ocorreu após um grupo de pistoleiros fortemente armados atacar uma comunidade Pataxó, numa área de retomada próxima à Barra do Cahy, na TI Comexatibá.

Os pistoleiros portavam fuzis, armas de alto calibre e gás lacrimogêneo. Ainda de acordo com a organização, Gustavo Conceição foi atingido por um tiro na cabeça e faleceu na mesma hora. Outro jovem não identificado também foi alvejado com múltiplos tiros e encaminhado a um hospital da região.

A retomada das terras na TI Comexatibá, conhecida pelo plantio de eucalipto, ocorriam de forma pacífica desde o mês de junho. Desde então, grupos pataxós alocados na região são alvo constante de ataques e, segundo denúncias, há o envolvimento de membros da polícia em uma espécie de milícia armada em conluio com fazendeiros da região.

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