Entre todos os estádios da Copa do Mundo, a Fonte Nova foi o que viu mais gols. Nos cinco primeiros jogos, a rede balançou 24 vezes, graças a goleadas como as da Holanda sobre a Espanha, da Alemanha sobre Portugal e da França sobre a Suíça. Neste sábado 5, no último jogo do mundial no estádio de Salvador, a história mudou. Quem brilhou foram os goleiros, e mesmo assim foi lindo. A Holanda sai classificada para enfrentar a Argentina na semifinal, mas a Costa Rica deixa o Brasil coberta de glórias.
O time costa-riquenho fizera história na primeira fase, ao liderar um grupo com três campeões mundiais: Itália, Inglaterra e Uruguai. A classificação para as quartas de final, sobre a Grécia, era um resultado ótimo e, assim, o jogo diante da Holanda, por uma vaga na semifinal, parecia ser apenas uma despedida de gala para a Costa Rica, que não teria chance diante do time comandado por Van Persie, Robben e Sneijer. A Costa Rica caiu, de fato, mas a partida foi mais que uma despedida de gala. O time comandado pelo colombiano Jorge Luis Pinto mostrou que tinha condições de jogar de igual para igual com outro gigante do futebol mundial.
Aplicada na defesa, a Costa Rica conseguiu parar o ataque holandês. O 5-4-1 montado por Pinto foi eficiente e, nas vezes em que acabou superado, em especial por Robben, destaque da Holanda e da Copa do Mundo, Keylor Navas surgiu. O camisa 1 da Costa Rica, melhor goleiro da Copa do Mundo, teve uma atuação espetacular. Fez grandes defesas e também contou com a sorte – dois chutes de Sneijer que ele não alcançaria ficaram na trave.
A ida do jogo para a disputa de pênaltis indicava que a tarde-noite em Salvador seria de Navas. Surgiu, então, outro herói, em mais uma história épica das Copas do Mundo. Tim Krul, o terceiro goleiro da Holanda, entrou nos descontos do segundo tempo da prorrogação, apenas para defender os pênaltis. A substituição do titular Cillessen por Krul causou choque e parecia ser mais uma das ideias bizarras de Louis van Gaal, o técnico da Holanda. Só que Krul provou o treinador certo e pegou dois pênaltis, levando a Holanda para semifinal.
Na entrevista após o jogo, Krul confirmou que a estratégia fora pensada com antecedência e que ele, Cillessen e o primeiro reserva, Vorm, trabalham em equipe. A alegria de Cillessen com as defesas do colega era prova disso. A substituição provou que Van Gaal tem não apenas o time, como o elenco nas mãos. O treinador vem alternando táticas jogo a jogo, dentro da mesma partida e, contra o México, conseguiu até acertar o time em uma parada técnica para a hidratação dos jogadores. Polêmico, Van Gaal parece ter uma chance real de quebrar o tabu e dar o primeiro título para a Holanda após três vice-campeonatos.
Para a Costa Rica, sobra decepção neste sábado, mas um olhar em retrospecto mostrará aos jogadores e ao país o tamanho do feito realizado no mundial. Como Krul em Salvador, a Costa Rica foi uma gigante no Brasil.