Política

Guimarães despejava pimenta nos pratos e coagia funcionários a comer, diz portal

Depoimento revelado pelo portal Metrópoles aponta para o que os servidores da Caixa classificam como sadismo do ex-presidente do banco

Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa Econômica Federal. Foto: Flickr
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Após denúncias de assédio sexual, novos depoimentos de funcionários da Caixa Econômica Federal revelam que o ex-presidente do banco Pedro Guimarães praticava assédio moral contra seus subordinados. A apuração é do portal Metrópoles. 

Nos novos testemunhos, funcionários afirmam que sofreram diversos tipos de constrangimento e eram expostos a situações vexatórias e sádicas. 

Guimarães apresentou a sua carta de demissão na quarta-feira 29 ao presidente Jair Bolsonaro (PL). No documento, ele nega que tenha praticado assédio sexual contra servidoras do banco público. 

Colaboradores relataram que durante jantares, principalmente durante viagens a trabalho, Guimarães despejava pimenta nos pratos de integrantes da sua equipe e os coagia a comer toda a comida. 

Segundo depoimento, “quanto mais você chora e passa mal, mais ele ri. Ele é bem sádico. Em toda refeição de trabalho com ele tinha pimenta no prato de alguém”.

Além do sadismo, Guimarães também era visto como um chefe autoritário. Em outro relato, funcionários confirmam que o ex-presidente do banco teve um acesso de raiva com executivos da Caixa que aprovaram mudanças nas normas internas sem o informar. 

A mudança estaria relacionada aos recebimentos de Guimarães. A nova regra estipulava um limite às nomeações do presidente do banco para conselhos do própria estatal e das empresas nas quais ela tem participação. 

Isso significa que Guimarães só poderia receber um adicional salarial referente a participação em dois conselhos. Desde o início do mandato de Bolsonaro, Guimarães integrou pelo menos 18 conselhos nas empresas, recebendo remuneração pela participação. 

O montante adicional alcançava 130 mil reais, enquanto o salário do presidente do banco público era de 56 mil reais. 

Na ocasião, Guimarães disse que os executivos da Caixa estariam trabalhando contra ele e o governo e que mereciam “se foder” com o retorno de uma administração petista. Ele também pediu para serem anotados os dados pessoais dos funcionários presentes na reunião, para puni-los caso o conteúdo vazasse. 

Outros trechos obtidos pelo Metrópoles mostram o tom autoritário adotado pelo ex-presidente. “Caguei para a opinião de vocês, porque eu que mando. Não estou perguntando. Isso aqui não é uma democracia, é a minha decisão”, chegou a dizer

As ameaças de demissão eram constantes, explicando a alta rotatividade de nomes nos cargos de chefia do banco público. “A gente tem 37 cargos de dirigentes e mais de 100 pessoas já passaram por esses cargos desde que ele (Guimarães) chegou”, afirmou uma subordinada.

Os salários desses cargos eram dez vezes maior que os salários-base do banco. Isso fazia com que os indicados cedessem aos pedidos autoritários de Guimarães apenas para manter os recebimentos. “Ele implantou na Caixa um ambiente de medo e de submissão, com o clima sempre tenso”, disse uma funcionária.

Funcionários também apontam o palavreado utilizado pelo ex-presidente do banco. Muitas das vezes as expressões usadas eram de cunho sexual e buscavam humilhar seus subordinados. 

“Tem uma coisa que ele sempre fala que é assim: ‘Vai vir o Long Dong, vai entrar pelo c. e sair pela boca’. Fui até pesquisar por qual motivo ele falava tanto desse Long Dong. É um ator pornô. É muito assustador”, disse uma funcionária. 

Colaboradores também relatam que Guimarães costumava monitorar seus aparelhos celulares. Segundo os depoimentos, o ex-presidente temia ser gravado. 

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