Sociedade

Grupo armado abordou, durante a madrugada, vizinhos de homem arremessado da ponte por PM, diz site

O site ‘Metrópoles’ revelou um vídeo em que homens armados e vestindo coletes balísticos aparecem na rua onde a vítima da violência policial morava; grupo, segundo a SSP, é da Corregedoria da PM

Grupo armado abordou, durante a madrugada, vizinhos de homem arremessado da ponte por PM, diz site
Grupo armado abordou, durante a madrugada, vizinhos de homem arremessado da ponte por PM, diz site
Supostos agentes da Corregedoria realizam buscas na rua em que morou Marcelo, entregador atirado de uma ponte pela PM. Foto: Reprodução/ Metrópoles
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Um grupo armado, em carro descaracterizado, rondou a rua onde vivia Marcelo Barbosa Amaral, homem jogado da ponte pelo policial militar Luan Felipe Alves Pereira. A ação ocorreu na madrugada da quarta-feira 4, horas após a revelação do abuso policial.

Os homens, conforme mostram vídeos obtidos pelo site Metrópoles, vestiam coletes balísticos. Segundo o relato dos moradores, eles teriam se identificado, em determinado momento, como membros da Corregedoria da PM e exibido uma foto de Marcelo. A alegação é de que ele estaria sendo procurado para prestar um depoimento.

A abordagem, registram os locais, ocorreu durante a madrugada. Os vídeos, indica o site, foram gravados entre 0h39 e 1h23 na rua Comendador Artur Capodaglio, em Americanópolis, na zona sul de São Paulo. O grupo armado bate em portões, conversa com moradores e, com armas em punho, aborda pessoas que passavam na rua.

Segundo parentes e amigos, Marcelo chegou a morar na rua visitada pelo grupo armado, mas se mudou recentemente para outra casa no mesmo bairro. Após ser arremessado da ponte, ele foi para o interior do estado.

Os homens repetiram o procedimento horas depois, já durante o dia.

Embora seja um procedimento da corporação contar com agentes descaracterizados na busca por vítimas, chama atenção o horário da ação, o uso de armamento ostensivo e a abordagem aleatória de transeuntes.

Durante a tarde de quarta-feira, policiais civis caracterizados, que integram o Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), também estiveram no bairro à procura de Marcelo.

CartaCapital questionou a Secretaria de Segurança Pública sobre a suposta diligência noturna da Corregedoria no local. A SSP também foi questionada se os homens que aparecem na gravação são policiais militares ou membros da guarda civil.

A SSP, inicialmente, não confirmou se a ação gravada foi, de fato, um procedimento oficial das polícias de SP e disse que aguardava ter acesso às imagens divulgadas pelo Metrópoles para confirmar se os homens filmados eram policiais. Mais tarde, em nova nota encaminhada a CartaCapital, informou que os homens gravados no local atuam na Corregedoria da PM.

A pasta esclarece que a Corregedoria da Polícia tem “prerrogativa de ir ao local dos fatos para levantar todas as informações necessárias à investigação”. A SSP sustenta, ainda, que os agentes atuam de maneira descaracterizada, mas que “realizam os devidos procedimentos legais para sua identificação durante os trabalhos em campo”.

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