Sociedade

Greve dos petroleiros cresce e soma 121 unidades da Petrobras, diz FUP

Trabalhadores preparam manifestação para terça-feira 18, no Rio de Janeiro, contra demissões em fábrica no Paraná

Petroleiros em manifestação no Rio de Janeiro, em 2020. Foto: FUP
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Cresceu para 121 o número de unidades do Sistema Petrobras que estão paralisadas em decorrência da greve dos petroleiros. Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), aderiram os petroleiros dos campos terrestres de Urucu, no Amazonas, da Termelétrica Nova Piratininga, em São Paulo, e de mais uma plataforma da Bacia de Campos, na região entre o Rio de Janeiro e o Espírito Santo. Na sexta-feira 14, eram 116 unidades mobilizadas.

A federação afirma que 64% do total de trabalhadores desse segmento estão envolvidos com a greve, ultrapassando a marca de 21 mil pessoas. A organização contabiliza a paralisação de 58 plataformas, 24 terminais, 11 refinarias, 8 campos terrestres, 8 termelétricas, 3 Unidades de Tratamento de Gás (UTGs), 1 usina de biocombustível, 1 fábrica de fertilizantes, 1 fábrica de lubrificantes, 1 usina de processamento de xisto, 2 unidades industriais e 3 bases administrativas.

No sábado 15, os caminhoneiros declararam apoio à greve. A Associação Nacional dos Transportadores Autônomos (ANTB) enviou uma carta ao presidente Jair Bolsonaro e a 27 governadores, com um texto crítico à política de preços dos combustíveis que alinha os valores ao mercado internacional.

Os petroleiros protestam contra o anúncio de fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR) pela atual gestão da Petrobras, na cidade de Araucária (PR). O fim da empresa representa a demissão em massa de trabalhadores do setor. A FUP sustenta que mil funcionários diretos e terceirizados podem ser dispensados e quase 4 mil trabalhadores indiretos podem ser afetados.

Na sexta-feira 14, pelo menos 144 funcionários receberam comunicados de demissão. No entanto, os grevistas queimaram os documentos durante ato no mesmo dia. Os petroleiros dizem que a Petrobras não quer negociar e acusam a gestão de colaborar com um projeto de desindustrialização da estatal.

Segundo a Petrobras, a Fafen não produz resultados sustentáveis e a sua continuidade operacional não se mostra “viável economicamente”. A estatal comunicou que as unidades seguem operando em condições de segurança, com equipes de contingência formadas por empregados que não aderiram à greve e contratações temporárias autorizadas pela Justiça.

A estatal diz ainda que está realizando o desconto dos dias não trabalhados dos empregados que aderiram ao movimento grevista. Em nota divulgada na quinta-feira 13, a companhia disse que “o desconto será realizado porque não houve a contraprestação do serviço, ou seja, os empregados não realizaram o trabalho para o qual são contratados”.

Os petroleiros enfrentam uma batalha judicial para manter a legalidade da greve. Em 4 de fevereiro, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou que os sindicatos da categoria mantenham 90% dos trabalhadores em serviço durante as paralisações. A decisão foi reiterada por liminar do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Dias Toffoli.

Na semana passada, a FUP afirmou que gestores da estatal podem provocar desabastecimento de combustíveis no país, porque, segundo a organização, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, quer colocar a população contra os grevistas.

Nesta segunda-feira 17, a FUP fez novos alertas. De acordo com o secretário de Assuntos Jurídicos e Institucionais da FUP, Deyvid Bacelar, os profissionais contratados pela companhia para executar as atividades no lugar dos grevistas vêm trabalhando em condições precárias, com escalas de trabalho arriscadas.

“As equipes de contingência estão desgastadas fisicamente, em um número pequeno, colocando em risco suas vidas, as instalações, o meio ambiente e as comunidades em torno das várias unidades operacionais. Estamos falando de praticamente bombas ambulantes, de grandes refinarias, plataformas, terminais que estão sim em uma condição crítica devido à intransigência e truculência dessa gestão que não quer negociar conosco absolutamente nada”, disse Bacelar, à rádio Bandeirantes.

A categoria realizou um ato nesta segunda em Vitória (ES), em frente ao edifício da Petrobras, com cerca de 100 pessoas. Também houve manifestação em Araucária (PR), onde petroleiros e petroquímicos seguem acampados em frente à Fafen, há 28 dias. Nesta terça-feira 18, os grevistas preparam um protesto no Rio de Janeiro.

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