Sociedade
Governo paulista começa em dez dias internação involuntária de usuários de crack
Um juiz, um promotor e advogados decidirão a cada caso sobre ação compulsória em dependentes com alto grau de debilidade
Por Marli Moreira
São Paulo – O governo paulista inicia dentro de dez dias a identificação de usuários de crack com alto grau de debilidade que poderão ser internados involutariamente para tratamento. As equipes médicas farão as abordagens na região central da Nova Luz, conhecida como Cracolândia.
Segundo o governador Geraldo Alckmin, o recolhimento compulsório ocorrerá em casos mais graves quando o viciado demonstrar claramente dificuldade em tomar decisões por causa do efeito da droga. Neste caso, o dependente será levado para o Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod ), no bairro do Bom Retiro, onde um juiz, um promotor e advogados decidirão se cabe a internação involuntária.
De acordo com Alckmin, a interdição do usuário nessas condições está prevista em lei. “Muitos pais, tenho certeza, vão procurar o Cratod”, argumentou o governador, ao mencionar casos em que os pais já não sabem como lidar com filhos dependentes de drogas.
A medida é adotada um ano após o início da operação policial na Cracolândia. No início de janeiro de 2012, a Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana passaram a atuar ostensivamente contra os usuários e traficantes de crack que se aglomeram no entorno da Estação da Luz.
O Ministério Público de São Paulo (MP) considerou a operação inútil, pois o uso e tráfico de crack permanecem na região. Entrou com uma ação civil pública contra o governo paulista pedindo indenização de 40 milhões de reais por danos morais individuais e coletivos por violações de direitos humanos na remoção dos usuários.
*Publicado originalmente em Agência Brasil.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.



