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Governo Bolsonaro não executou plano do Ibama para resolver garimpo na Terra Yanomami, diz MPF

Segundo procurador, a estratégia teria o potencial de erradicar a atividade criminosa na Terra Indígena

Governo Bolsonaro não executou plano do Ibama para resolver garimpo na Terra Yanomami, diz MPF
Governo Bolsonaro não executou plano do Ibama para resolver garimpo na Terra Yanomami, diz MPF
Cerca de 27 mil indígenas vivem na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. Foto: Reprodução/ Hutukara Associação Yanomami
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O governo de Jair Bolsonaro (PL) não executou um plano elaborado pelos técnicos do Ibama para erradicar em até seis meses o garimpo na região da Terra Indígena Yanomami. A ação deveria envolver fiscalização aérea e fluvial. A informação foi divulgada nesta nesta terça-feira 24 pelo Ministério Público Federal de Roraima.

Segundo o procurador Alisson Marugal, o plano foi “reconhecido e validado” pela coordenação do Ibama, “mas jamais aplicado”.

“Diversas vezes o Ibama impediu que houvesse uma logística adequada para essas operações. O Ibama possui de oito a nove helicópteros para fiscalização, mas eles jamais ficaram em Roraima, mesmo na situação mais complicada de infrações ambientais”, disse Marugal em entrevista coletiva. A declaração foi registrada pelo jornal O Globo.

Na avaliação do procurador, o plano teria o potencial de erradicar o garimpo na Terra Indígena. “Ele prevê uma atuação de seis meses, com estrutura de embarcação, de fiscalização aérea, ações permanentes que dariam conta desse desafio.”

O plano nasceu, de acordo com Marugal, após a constatação de que as operações deflagradas na região eram “muito curtas” e geravam apenas algumas apreensões, insuficientes para desarticular, de fato, a atividade criminosa.

Na segunda 23, procuradores do Ministério Público Federal já haviam afirmado que a situação de saúde dos yanomami foi causada pela omissão do Estado.

A conclusão está em uma nota divulgada pela Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais do MPF, que fez um relato histórico do trabalho realizado na Terra Indígena Yanomami.

“No entendimento do Ministério Público Federal a grave situação de saúde e segurança alimentar sofrida pelo povo yanomami, entre outros, resulta da omissão do Estado brasileiro em assegurar a proteção de suas terras. Com efeito, nos últimos anos verificou-se o crescimento alarmante do número de garimpeiros dentro da Terra Indígena Yanomami, estimado em mais de 20 mil pela Hutukara Associação Yanomami”, declarou o órgão.

Em nota, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil declarou que a situação dos povos yanomami foi denunciada pelo menos 21 vezes à Justiça. Segundo a entidade, cerca de 100 crianças morreram em 2022.

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