Glenn Greenwald pede demissão do Intercept e alega censura

Editora-chefe do veículo contesta e diz que a edição visava deixar o artigo 'justo' em relação a informações sobre Joe Biden

Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) realiza audiência pública interativa, com a participação do jornalista responsável pelo site The Intercept Brasil, para prestar informações sobre fatos revelados pelo sítio. rrEm pronunciamento, jornalista da agência de notícias The Intercept Brasil, Glenn Greenwald.rrFoto: Marcos Oliveira/Agência Senado

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O jornalista Glenn Greenwald anunciou nesta quinta-feira 29 que pediu demissão do veículo que ajudou a fundar, o The Intercept, após ter uma coluna rejeitada por, segundo ele, conter críticas a Joe Biden, candidato democrata à presidência dos Estados Unidos.

Greenwald é americano, mas mora no Brasil e é casado com o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ). No ano passado, o jornalista protagonizou, em conjunto com outros profissionais do The Intercept Brasil no ano passado, a publicação das reportagens da Vaza Jato.

O anúncio foi feito pelas redes sociais do jornalista, que também publicou um longo texto em que explica sua decisão. Segundo Glenn, o artigo que teria sido censurado abordava “e-mails revelados recentes e testemunhos que levantaram questões críticas sobre a conduta de Biden.”

 

 

Greenwald se referia a informações divulgadas pelo advogado de Donald Trump, Rudolph Giuliani, que estariam em um suposto computador do filho de Joe Biden, Hunter Biden.

Os e-mails e seus conteúdos foram usados pela campanha de Trump como indícios de que a família Biden mantinha relações próximas com a Ucrânia e com o setor energético do país, e que, durante seu período como vice-presidente, Joe Biden teria favorecido o filho com sua influência. Biden nega enfaticamente a veracidade do conteúdo publicado.

Houve desconfiança sobre a credibilidade das informações por parte da mídia americana – como o fato de repórteres do jornal New York Post, que publicou a reportagem com os e-mails, terem hesitado em publicar a matéria por duvidarem da veracidade de alguns fatos alegados ali, contou o jornal The New York Times. 

Glenn Greenwald argumenta, no entanto, que tentou negociar que, logo após a publicação de seu artigo, outros editores ou articulistas do The Intercept publicassem um texto que discordasse e rebatesse suas opiniões.

 

Editora americana contesta versão de Glenn

Em uma carta também publicada nas redes sociais, a editora-chefe do The Intercept, Betsy Reed, afirma que a versão da demissão do jornalista possui “distorções” e “imprecisões”, e que os editores não quiseram publicar um texto que “reciclasse” uma campanha política para Donald Trump.

“Ele acredita que todos os que discordam dele são corruptos, e assume que qualquer um que edite seu trabalho seja um censor”, diz a editora no começo do texto. “Nosso objetivo em editar seu trabalho era torná-lo preciso e justo”, escreveu Reed.

 

 

 

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