Sociedade

#GarotosDoNinho: Homenagens se misturam a críticas ao Flamengo um ano após tragédia

Famílias de dez vítimas do incêndio no Ninho do Urubu relatam descaso do time

Parentes de vítimas do Flamengo participam de mediação na Justiça. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
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Um ano após a tragédia que vitimou dez jogadores de base do Flamengo em um incêndio no Ninho do Urubu, no Rio de Janeiro, as homenagens se misturam às críticas ao clube mais rico do Brasil, que se encontra em uma disputa de valores e de princípios contra as famílias dos jovens.

Em um ano de grandes conquistas para o time, que ganhou a Taça Libertadores em uma disputa acirrada contra o River Plate, os desdobramentos das providências dadas às famílias em relação à morte dos adolescentes pareciam querer se esconder.

O incêndio ocorreu durante a noite, no alojamento das categorias de base, que ficava em contêineres no próprio centro de treinamento.

A maioria dos atletas conseguiu sair com vida, mas morreram naquele dia Athila Paixão, de 14 anos, Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas, de 14 anos, Bernardo Pisetta, de 14 anos, Christian Esmério, de 15 anos, Gedson Santos, de 14 anos, Jorge Eduardo Santos, de 15 anos, Pablo Henrique da Silva, de 14 anos, Rykelmo de Souza Vianna, de 16 anos, Samuel Thomas Rosa, de 15 anos, e Vitor Isaías, de 15 anos.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro indiciou o ex-presidente do clube, Eduardo Bandeira de Mello, e mais sete pessoas pela morte dos dez jovens. Segundo o inquérito, uma série de negligências em relação à segurança do alojamento, incluindo a não obtenção do alvará de funcionamento, foram circunstanciais para a tragédia.

 

O Ministério Público do Rio de Janeiro pediu investigações adicionais. O prazo para a polícia devolver novamente o caso à promotoria é de 45 dias e acaba neste mês. A partir das provas colhidas e reunidas em 11 volumes de inquérito, o Grupo de Atuação Especializada do Desporto e Defesa do Torcedor do MP-RJ deve oferecer denúncia criminal à Justiça.

Na sexta-feira 07, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o incêndio no Ninho do Urubu, da Assembleia Legislativa do Rio, ouviu familiares das vítimas e um ex-presidente da agremiação. O descaso com as famílias foi relatado principalmente pelos pais e mães dos garotos. “Em um ano, eu nunca recebi nenhuma ligação”, disse um deles.

O presidente do time, Rodolfo Landim, que havia sido convocado, não fez questão de comparecer à CPI. De acordo com o presidente da comissão, deputado Alexandre Knoploch (PSL), a casa pode vir a convocar obrigatoriamente Landim a prestar esclarecimentos. Eduardo Bandeira de Mello foi o único a aparecer.

No ano da contratação mais cara do futebol brasileiro – o do ídolo Gabigol, essencial para o Flamengo na conquista da Libertadores, que custou mais de 78 milhões de reais -, o time encontra-se ainda em uma disputa contra o Ministério Público em relação ao valor das indenizações pagas às famílias.

No processo que corre na 1ª Vara Cível da Barra da Tijuca, o Ministério Público e a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro conseguiram uma decisão em dezembro de 2019 que obriga o Flamengo a pagar R$ 10 mil mensais a cada uma das famílias de mortos ou feridos na tragédia.

O Flamengo já vinha pagando R$ 5 mil às famílias antes da decisão. Segundo o defensor público Eduardo Chow, do Núcleo de Defesa do Consumidor, a ação em questão é cautelar, e a defensoria trabalha agora em um pedido definitivo de reparação, que vai definir um valor indenizatório ao final do processo.

Neste sábado, o Flamengo joga contra o Madureira no Maracanã pelo Campeonato Carioca, e prometeu homenagens aos 10 jogadores da base. “Entraremos em campo por eles. Sempre por eles”, escreveu o time nas redes sociais. Resta saber se o mantra vai além do campo de futebol.

*Com informações da Agência Brasil

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