Política

G20: Lula cita tragédia no RS e diz que descompromisso ambiental provocou ‘emergência sem precedentes’

Segundo o presidente, ‘os mais pobres, mulheres, indígenas, idosos, crianças, jovens e migrantes os mais impactados’

O presidente Lula conversa com o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, na Cúpula do G20. Foto: Ludovic Marin/Pool/AFP
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O presidente Lula relacionou a emergência climática “sem precedentes”, provocada pelo “descompromisso com o meio ambiente”, à tragédia no Rio Grande do Sul pela passagem de um ciclone extratropical. A declaração foi concedida durante seu discurso na Cúpula do G20, na Índia, neste sábado 9.

“As secas, enchentes, tempestades e queimadas se tornam mais frequentes e minam a segurança alimentar e energética. Agora mesmo, no Brasil, o estado do Rio Grande do Sul foi atingido por um ciclone que deixou milhares de desabrigados e dezenas de vítimas fatais”, afirmou o petista. “Se não agirmos com sentido de urgência, esses impactos serão irreversíveis.”

Segundo Lula, os efeitos da mudança do clima não são sentidos por todos da mesma forma. “São os mais pobres, mulheres, indígenas, idosos, crianças, jovens e migrantes os mais impactados”, declarou.

Conforme o mais recente boletim das autoridades, 41 pessoas morreram, 46 estão desaparecidas e 220 estão feridas após a passagem do ciclone. Mais de 12 mil estão fora de casa devido às inundações. A Defesa Civil estima em mais de 147 mil o número de afetados pela tragédia.

Na quinta-feira 7, o governo federal reconheceu o estado de calamidade nos municípios atingidos.

Puxão de orelha

Em seu discurso na abertura da Cúpula do G20, Lula cobrou mais uma vez o financiamento do combate às mudanças climáticas pelos países ricos.

Ele reforçou que o mundo gastou 2,24 trilhões de dólares em armas no ano passado, uma “montanha de dinheiro” que poderia ser utilizada para impulsionar o desenvolvimento sustentável e a ação climática.

“Desde a COP de Copenhague, os países ricos deveriam prover 100 bilhões de dólares por ano em financiamento climático novo e adicional aos países em desenvolvimento. Essa promessa nunca foi cumprida“, criticou. “De nada adiantará o mundo rico chegar às COPs do futuro vangloriando-se das suas reduções nas emissões de carbono se as responsabilidades continuarem sendo transferidas para o Sul Global. Recursos não faltam.”

A cúpula é o ponto alto das atividades do G20 e marca a reta final da presidência rotativa do bloco, atualmente com a Índia. O Brasil assumirá o comando do grupo em 1º de dezembro.

A presidência rotativa será brasileira até o fim de 2024, quando uma nova cúpula será realizada, no Rio de Janeiro. O encontro está previsto para ocorrer entre 18 e 19 de novembro do ano que vem.

Segundo Lula, o Brasil lançará na presidência do G20 a Força-Tarefa para Mobilização Global contra a Mudança do Clima.

“Queremos chegar na COP 30, em 2025, com uma agenda climática equilibrada entre mitigação, adaptação, perdas e danos e financiamento, assegurando a sustentabilidade do planeta e a dignidade das pessoas.”

A programação oficial do G20 neste fim de semana prevê pelo menos três sessões temáticas principais, as duas primeiras com a participação de Lula:

  • “Um Planeta”, voltada ao debate sobre desenvolvimento sustentável, transição energética, mudanças climáticas, preservação ambiental e emissões de carbono;
  • “Uma Família”, para tratar de crescimento inclusivo, progresso nos objetivos de desenvolvimento sustentável, educação, saúde e desenvolvimento liderado por mulheres; e
  • “Um Futuro”, sobre transformações tecnológicas, infraestrutura pública digital, reformas multilaterais e o futuro do trabalho.

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