Sociedade

Funai investiga assassinato de criança indígena

Segundo Conselho Indigenista Missionário, indígena teria sido morto e carbonizado por madeireiros em ataque à tribo Awá-Guajá

Índios de várias etnias fazem protesto na sede da Funai em 2010, em Brasília. Foto: Roosewelt Pinheiro/ABr
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O suposto assassinato de uma criança indígena no Maranhão levou a Fundação Nacional do Índio (Funai) a abrir uma investigação após denúncia do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), entidade ligada à Igreja Católica. As informações sobre o crime, que teria ocorrido entre setembro e outubro, são, contudo, desencontradas.

Uma equipe da Funai na cidade de Imperatriz segue para a Terra Indígena Araribóia, a 469 quilômetros da capital São Luís. O grupo, informa a instituição em nota, vai investigar o aparecimento de um corpo carbonizado de um integrante da tribo Awá-Guajá, população indígena isolada do convívio social.

O órgão também diz não poder confirmar se as informações são verdadeiras e deve produzir um laudo com detalhes sobre o caso a ser divulgado na segunda-feira 9.

Segundo o Cimi, lideranças indígenas do povo Guajajara denunciaram o assassinato em um acampamento abandonado pelos Awá. O local, a 20 quilômetros do município de Arame (MA), teria sido atacado por madeireiros.

A demora para apresentar denúncia do crime é explicada por Rosimeire Diniz, coordenadora do Cimi no Maranhão. “Estamos falando de um território muito grande, onde a pessoa que viu o ocorrido relatou o caso para outra liderança indígena, que nos trouxe a informação.” Segundo ela, não há muitos detalhes, pois “a equipe do Cimi ainda está retornando do recesso de fim de ano e não teria como averiguar”.

A reportagem de CartaCapital também encontrou dificuldades em determinar quando a organização recebeu a informação dos líderes indígenas. Diniz apontou, em conversa por telefone, que as denuncia chegou “nesta semana”. Por outro lado, o site do Cimi diz: “A Fundação Nacional do Índio (Funai) foi informada do episódio em novembro e nenhuma investigação do caso está em curso”.

O órgão, por sua vez, informa ter recebido em novembro uma denúncia anônima sobre a ocorrência de um conflito na região em outubro, com assassinato de indígenas. “A denuncia não citava a morte de uma criança”, destaca em nota. “Ainda em novembro, a Funai protocolou a denuncia junto a Polícia Federal e solicitou que esta realizasse uma investigação.”

O Cimi de Brasília informou que os índios conhecem a localização do corpo, mas não soube dizer se a polícia já tem conhecimento deste dado.

Madeireiros

Tribos da região relatam que nos últimos anos a ação de madeireiros empurra os Awá para áreas mais próximas da sociedade. Além disso, a retirada de madeira tem colocado em risco a subsistência do grupo, destaca o Cimi, em seu site.

Dinis ainda relata que casos de confronto entre índios e madeireiros na região estão ficando mais frequentes e foram registradas ocorrências deste tipos pelos menos nos últimos três anos. “Já houve desde invasão de aldeia por madeireiros até espancamento de uma liderança indígena. Essas são as últimas reservas de mata no Maranhão e elas estão tomadas por madeireiros”, denuncia.

A missionária questiona a ausência de representantes da Funai e das autoridades na região. “Quando acontece algum caso de denuncia ou repercussão, há uma operação, mas com poucos resultados práticos. Não há uma ação efetiva para assegurar a defesa do território e das comunidades que ali vivem.”

O suposto assassinato de uma criança indígena no Maranhão levou a Fundação Nacional do Índio (Funai) a abrir uma investigação após denúncia do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), entidade ligada à Igreja Católica. As informações sobre o crime, que teria ocorrido entre setembro e outubro, são, contudo, desencontradas.

Uma equipe da Funai na cidade de Imperatriz segue para a Terra Indígena Araribóia, a 469 quilômetros da capital São Luís. O grupo, informa a instituição em nota, vai investigar o aparecimento de um corpo carbonizado de um integrante da tribo Awá-Guajá, população indígena isolada do convívio social.

O órgão também diz não poder confirmar se as informações são verdadeiras e deve produzir um laudo com detalhes sobre o caso a ser divulgado na segunda-feira 9.

Segundo o Cimi, lideranças indígenas do povo Guajajara denunciaram o assassinato em um acampamento abandonado pelos Awá. O local, a 20 quilômetros do município de Arame (MA), teria sido atacado por madeireiros.

A demora para apresentar denúncia do crime é explicada por Rosimeire Diniz, coordenadora do Cimi no Maranhão. “Estamos falando de um território muito grande, onde a pessoa que viu o ocorrido relatou o caso para outra liderança indígena, que nos trouxe a informação.” Segundo ela, não há muitos detalhes, pois “a equipe do Cimi ainda está retornando do recesso de fim de ano e não teria como averiguar”.

A reportagem de CartaCapital também encontrou dificuldades em determinar quando a organização recebeu a informação dos líderes indígenas. Diniz apontou, em conversa por telefone, que as denuncia chegou “nesta semana”. Por outro lado, o site do Cimi diz: “A Fundação Nacional do Índio (Funai) foi informada do episódio em novembro e nenhuma investigação do caso está em curso”.

O órgão, por sua vez, informa ter recebido em novembro uma denúncia anônima sobre a ocorrência de um conflito na região em outubro, com assassinato de indígenas. “A denuncia não citava a morte de uma criança”, destaca em nota. “Ainda em novembro, a Funai protocolou a denuncia junto a Polícia Federal e solicitou que esta realizasse uma investigação.”

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