Sociedade

Fôlego

O gol do atacante Alecsandro, do Vasco, foi de tirar o ar. Sem falar na dura vida de aposentado

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Por Afonsinho

Falei em respirar no fim da primeira parte do ano esportivo, enquanto a Seleção faz seus amistosos, mas o gol de Alecsandro do Vasco foi de tirar o fôlego. Teve ainda o cruzamento “de letra” do lateral curitibano que só não mereceu entrar porque era contra o Botafogo.

Ficam para trás as desclassificações da Libertadores do Vasco e Fluminense, em jogos dramáticos. Provaram de vez: o equilíbrio emocional vem em primeiro lugar. Permanecem na luta Corinthians e Santos do nosso lado contra Boca e Universidad do Chile da banda hispânica.

Ficam esgarçadas pelo meio do caminho jogadas sensacionais, escândalos de corrupção de Brasília à Itália e, sobretudo, declarações impressionantes ou no mínimo curiosas, como a original do atacante corintiano sem esconder a euforia precipitada. “Não ganhamos nada.” Claro, ainda não chegou nem a final!

Outro jogador, já negociado sem saber para onde, mirando pela veneziana à espera da “janela” se abrir, declara: “O grupo de empresários que detêm os meus direitos não passou informações sobre meu futuro” (filme Os Boleiros). Pode aparecer, de repente, em qualquer extremo dos pontos cardeais ou da Rosa dos Ventos.

Torcedores antecipam nas ruas a saída das revelações mais recentes de seus clubes. Desde a ida de Roger do Fluminense, hoje no Cruzeiro, e da transferência do Ronaldo Gaúcho do Grêmio, insisto no argumento: seria melhor ficar no Brasil ganhando menos em vez de jogar lá fora. Desde que a diferença salarial não fosse muito grande.

O valor de um jogador formado no clube, identificado com o torcedor, é incomensurável em se tratando de finanças. Passou o tempo, a economia brasileira melhorou e não há justificativa para continuar a funcionar esse balcão de feira.

Dirigentes alegam a necessidade de acertar as contas dos clubes para realizar negócios, mas deveriam procurar novos financiadores como fez o Santos. Paulo Henrique Ganso e Neymar ainda vão agradecer muito. Nós, brasileiros, agradecemos.

Pensemos um pouco na situação do Juninho Pernambucano. Ele assinou contrato por partida, jogou 22 vezes e recebeu uma. Lembra minha passagem pela Colina.

O Olaria para onde fui, agora com passe livre, fez campanha brilhante e cheia de nuances curiosas no Campeonato Carioca, digna de novela. Por conta disso foram contratados quatro jogadores ao mesmo tempo. Haroldo, paraense emprestado pelo Santos, Miguel e Alfinete formados na própria Rua Bariri e eu.

No meu caso, o Vasco forçou um prazo até fevereiro, pois pretendia reabrir São Januário fechado para jogos com a abertura do Maracanã em 1950 onde jogavam todos os chamados grandes.

O belo estádio vascaíno, até então, era o palco dos maiores acontecimentos esportivos e políticos da época. Embora em princípio não fosse o melhor para mim, sem empresário nem nada, terminar um contrato depois do período das transferências do fim do ano, aceitei.

A intenção do clube era promover um torneio de verão com duas equipes portuguesas e outra brasileira. A ideia foi tentada várias vezes por vários clubes sem sucesso, embora parecesse ótima em época de turismo forte, mas nunca deu certo talvez pelo carnaval. Certo é que não se fez o torneio e na hora da renovação o supervisor (hoje gerente) de origem militar como era comum naquela altura alegou que o valor do contrato dividido pelo número de partidas jogadas era muito caro a esquecer de que o mês parado não era de minha responsabilidade.

Quando voltaram a me procurar, eu havia assinado com o Peixe. Tinham contratado o Zizinho para treinador e fiquei muito frustrado no meu desejo de trabalhar com o Mestre que havia pedido minha renovação. Fui para a corte do Rei.

A Grécia é aqui


Aposentado há 12 meses, depois de 35 anos, 6 meses e 18 dias de descontos, com visita marcada para esmiuçar o contracheque em busca de explicação para a defasagem do salário em relação à elevação dos preços, recebo o impacto violento da Medida Provisória 580 (conferir), já em prática, que corta 50% dos vencimentos.

Imagino inicialmente tratar-se de um engano, erro de interpretação, uma dessas intrigas sem pé nem cabeça que circulam nas redes sociais enviadas por reacionários caídos do cavalo depois de 500 anos encastelados com seus “cupinchas” (palavra nova, hein?).

Depois, a insistência de companheiros e os comunicados dos órgãos de classe despertam o vovô do KO e mudam seu rumo de passear com os netos sob o sol ameno desse final de “maiozinho” (Riobaldo Tatarana) para engrossar as passeatas contra essa declaração de guerra. COVARDIA!!!

Por Afonsinho

Falei em respirar no fim da primeira parte do ano esportivo, enquanto a Seleção faz seus amistosos, mas o gol de Alecsandro do Vasco foi de tirar o fôlego. Teve ainda o cruzamento “de letra” do lateral curitibano que só não mereceu entrar porque era contra o Botafogo.

Ficam para trás as desclassificações da Libertadores do Vasco e Fluminense, em jogos dramáticos. Provaram de vez: o equilíbrio emocional vem em primeiro lugar. Permanecem na luta Corinthians e Santos do nosso lado contra Boca e Universidad do Chile da banda hispânica.

Ficam esgarçadas pelo meio do caminho jogadas sensacionais, escândalos de corrupção de Brasília à Itália e, sobretudo, declarações impressionantes ou no mínimo curiosas, como a original do atacante corintiano sem esconder a euforia precipitada. “Não ganhamos nada.” Claro, ainda não chegou nem a final!

Outro jogador, já negociado sem saber para onde, mirando pela veneziana à espera da “janela” se abrir, declara: “O grupo de empresários que detêm os meus direitos não passou informações sobre meu futuro” (filme Os Boleiros). Pode aparecer, de repente, em qualquer extremo dos pontos cardeais ou da Rosa dos Ventos.

Torcedores antecipam nas ruas a saída das revelações mais recentes de seus clubes. Desde a ida de Roger do Fluminense, hoje no Cruzeiro, e da transferência do Ronaldo Gaúcho do Grêmio, insisto no argumento: seria melhor ficar no Brasil ganhando menos em vez de jogar lá fora. Desde que a diferença salarial não fosse muito grande.

O valor de um jogador formado no clube, identificado com o torcedor, é incomensurável em se tratando de finanças. Passou o tempo, a economia brasileira melhorou e não há justificativa para continuar a funcionar esse balcão de feira.

Dirigentes alegam a necessidade de acertar as contas dos clubes para realizar negócios, mas deveriam procurar novos financiadores como fez o Santos. Paulo Henrique Ganso e Neymar ainda vão agradecer muito. Nós, brasileiros, agradecemos.

Pensemos um pouco na situação do Juninho Pernambucano. Ele assinou contrato por partida, jogou 22 vezes e recebeu uma. Lembra minha passagem pela Colina.

O Olaria para onde fui, agora com passe livre, fez campanha brilhante e cheia de nuances curiosas no Campeonato Carioca, digna de novela. Por conta disso foram contratados quatro jogadores ao mesmo tempo. Haroldo, paraense emprestado pelo Santos, Miguel e Alfinete formados na própria Rua Bariri e eu.

No meu caso, o Vasco forçou um prazo até fevereiro, pois pretendia reabrir São Januário fechado para jogos com a abertura do Maracanã em 1950 onde jogavam todos os chamados grandes.

O belo estádio vascaíno, até então, era o palco dos maiores acontecimentos esportivos e políticos da época. Embora em princípio não fosse o melhor para mim, sem empresário nem nada, terminar um contrato depois do período das transferências do fim do ano, aceitei.

A intenção do clube era promover um torneio de verão com duas equipes portuguesas e outra brasileira. A ideia foi tentada várias vezes por vários clubes sem sucesso, embora parecesse ótima em época de turismo forte, mas nunca deu certo talvez pelo carnaval. Certo é que não se fez o torneio e na hora da renovação o supervisor (hoje gerente) de origem militar como era comum naquela altura alegou que o valor do contrato dividido pelo número de partidas jogadas era muito caro a esquecer de que o mês parado não era de minha responsabilidade.

Quando voltaram a me procurar, eu havia assinado com o Peixe. Tinham contratado o Zizinho para treinador e fiquei muito frustrado no meu desejo de trabalhar com o Mestre que havia pedido minha renovação. Fui para a corte do Rei.

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Aposentado há 12 meses, depois de 35 anos, 6 meses e 18 dias de descontos, com visita marcada para esmiuçar o contracheque em busca de explicação para a defasagem do salário em relação à elevação dos preços, recebo o impacto violento da Medida Provisória 580 (conferir), já em prática, que corta 50% dos vencimentos.

Imagino inicialmente tratar-se de um engano, erro de interpretação, uma dessas intrigas sem pé nem cabeça que circulam nas redes sociais enviadas por reacionários caídos do cavalo depois de 500 anos encastelados com seus “cupinchas” (palavra nova, hein?).

Depois, a insistência de companheiros e os comunicados dos órgãos de classe despertam o vovô do KO e mudam seu rumo de passear com os netos sob o sol ameno desse final de “maiozinho” (Riobaldo Tatarana) para engrossar as passeatas contra essa declaração de guerra. COVARDIA!!!

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