Sociedade

Família teria usado pensão de mulher escravizada para pagar curso de medicina

Madalena tinha direito a R$ 8,4 mil por ser casada com um ex-combatente da Segunda Guerra Mundial

Madalena Gordiano. Foto: Reprodução/TV Globo
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A família mineira que manteve Madalena Gordiano em condição análoga à escravidão por 38 anos usou a pensão da vítima para financiar um curso de medicina e outras despesas, de acordo com auditores fiscais do caso. A informação é do UOL.

Madalena tem uma renda de 8,4 mil mil oriunda de um casamento com um ex-combatente da Segunda Guerra Mundial, mas jamais teve controle do dinheiro, que era administrado por Maria das Graças Milagres Rigueira e o filho, Dalton César Milagres Rigueira, segundo as investigações.

Casada em 2001 com Marino Lopes da Costa, – tio de Valdirene Lopes da Costa, esposa de Dalton -, Madalena recebe duas pensões desde 2003, quando o marido morreu aos 80 anos de idade.

O casamento foi alvo de denúncia em 2008, mas o processo foi encerrado em 2015 por falta de provas.

Os investigadores suspeitam que, com a saúde debilitada do tio de Valdirene por conta da idade, Maria das Graças teria organizado o casamento para que o dinheiro da pensão pudesse pagar o curso de medicina de sua filha, Vanessa Maria Milagres Rigueira.

Relembre o caso

Resgatada no dia 28 de novembro, Madalena estava em um quarto sem janelas e sem ventilação no apartamento de Dalton, na cidade de Patos de Minas. O caso foi relevado pelo Fantástico, da TV Globo.

Aos oito anos de idade, Madalena bateu na porta da casa da professora Maria das Graças Milagres Rigueira para pedir um pão, pois estava com fome.

Segundo a vítima, a resposta que recebeu de Maria das Graças foi: “Não vou te dar não. Você vai morar comigo.”

Durante 38 anos, ela trabalhou sem carteira assinada e sem receber nenhum direito trabalhista. A professora Maria das Graças disse à mãe de Madalena que iria adotá-la. Com dificuldade para criar nove filhos, a mulher concordou, mas a adoção nunca foi formalizada.

Com o tempo, Madalena teria sido rejeitada pelo marido de Maria das Graças e passou a morar com Dalton, que passou a administrar o dinheiro da vítima.

Na nova casa, ela trabalhava sem folga, de segunda a segunda, começando às 4h da manhã, segundo relato de vizinhos.

Para o Ministério Público do Trabalho, a renda da família, sem a pensão de Madalena, é incompatível para quem tem um imóvel de quatro quartos financiado na área mais nobre da cidade e paga faculdade para duas filhas, uma delas estudante de medicina em Uberaba, com mensalidade de 6,8 mil reais.

A matéria do UOL revela que família de Dalton tem uma renda mensal de cerca de 11 mil reais e, mesmo assim, recorreu ao auxílio emergencial. Valdirene e as filhas Bianca e Raíssa receberam cinco parcelas de 600 e uma de 300, um total de 3,3 mil para cada uma.

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