Sociedade

Estatal investiga racismo e homofobia de gerente contra funcionário: ‘preto e viado, só falta ser petista’

O caso ocorreu na unidade de Resende (RJ) da Indústrias Nucleares do Brasil, especializada na produção de combustíveis de urânio

Créditos: Reprodução
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A estatal federal Indústrias Nucleares do Brasil, especializada na produção de combustíveis de urânio, investiga denúncias de racismo e homofobia apresentadas por funcionários à unidade da empresa em Resende (RJ) e à Polícia Civil. O caso, revelado pelo Estado de S. Paulo nesta quinta-feira 29, tem relação com a contratação de um novo servidor pelo regime de cotas.

Em áudio ao qual a reportagem teve acesso, a gerente de comunicação da estatal, Cláudia Maria Rangel, questiona em conversa com outro funcionários o fato de o contratado, aprovado em concurso público, ter sido admitido via cotas. Ela também demonstra incômodo ao saber que a pessoa contratada se inscreveu como mulher, mas alterou seu nome para o sexo masculino por se reconhecer como transgênero. Ao longo da conversa, a gestora ainda associa o novo funcionário, em tom crítico, a Lula e ao PT.

“Inclusão é o c…, passar na frente do outros? É p…”, diz a gerente. “Um monte de babaca, um monte de politicamente correto, vai pra p…, eles. Na hora que vieram me dar a notícia, ‘primeiro transgênero da INB’. Eu falei ‘me f…’. Todo mundo vibrando. Vai pra p…. Vai pra tua área então, c… Eu que tenho que ficar entubando essas p…? Eu, hein. Eu já te falei. E, por fim, deve ser petista. Deve, não, com certeza é petista. Vem de ‘Lula lá’, que vai levar é porrada.”

Em depoimento à Polícia Civil, servidores ainda relataram outro comentário da gerente a respeito do novo funcionário: “além de preto e viado, só falta ser petista essa p…”.

Segundo a reportagem, Cláudia Rangel seguia exercendo seu cargo na estatal até esta quinta-feira 29. Em nota, porém, a INB disse que, após análise do conselho de ética, seriam tomadas outras providências, que incluíam o afastamento temporário da servidora. Afirmou ainda que, “para qualquer suposto crime, a INB segue os seus normativos internos para apuração e adoção de medidas cabíveis”.

“A INB reforça que não coaduna com nenhum ato de discriminação de gênero, identidade sexual, raça e etnia, condição física, classe social, procedência geográfica, estado civil, idade, religião, cultura e convicção política. Este princípio basilar está fixado no Item 2.1.2 do Código de Ética, Conduta e Integridade da empresa”, acrescentou a estatal.

A empresa garantiu que o funcionário vítima das declarações assumirá o cargo para o qual foi contratado na semana que vem. Cláudia Rangel não quis se manifestar sobre o caso.

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